Como Lula estragou a semana perfeita de Fernando Haddad
Ou... como o presidente mirou no ministro da Fazenda e acertou no próprio governo
O presidente Lula resolveu jogar por terra a grande promessa da gestão Fernando Haddad no ministério da Fazenda.
Em café da manhã com jornalistas, o maior líder da esquerda na América Latina, afirmou que a meta fiscal “não precisa ser zero”, classificando o mercado financeiro de “ganancioso”.
“A gente não precisa disso. Eu não vou estabelecer uma meta fiscal que me obrigue a começar o ano fazendo corte de bilhões nas obras que são prioritárias para esse país. Então eu acho que muitas vezes o mercado é ganancioso demais e fica cobrando uma meta que eles sabem que não vai ser cumprida. […] Se o Brasil tiver um déficit de 0,5%, o que é? De 0,25%, o que é? Nada. Praticamente nada”, disse o presidente.
O problema é um só.
O déficit pode até não ser zero, mas quando Lula diz isso dessa forma, o ministro fica totalmente desautorizado. Foi o próprio Haddad quem fincou o pé para que a meta fiscal fosse zero.
Aliás, o presidente foi impreciso ao insinuar que a pressão é só do mercado. É que, no entendimento do próprio ministro dele, essa é a forma de reforçar a credibilidade do novo arcabouço fiscal em seu primeiro ano de vigência.
A declaração acaba por trazer essa sinalização ruim em uma das melhores semanas do ministro que comanda a economia brasileira.
Fernando Haddad conseguiu que fosse aprovado algo que vários governos tentaram – a taxação dos fundos dos super ricos – que têm uma tributação diferente dos fundos de renda fixa e de renda variável, nos quais a classe média aplica.
Apareceu também o relatório da reforma tributária que, apesar de alguns problemas, mostra que a proposta tão defendida pelo ministro da Fazenda está avançando.
Ao jogar a principal promessa de Haddad no chão, Lula não só faz o ministro da Fazenda perder credibilidade, mas também atinge seu próprio governo.