Faltava uma hora para o depoimento no qual Jair Bolsonaro ficaria em silêncio, no dia 22 de fevereiro, quando uma informação sobre o temor no QG bolsonarista chegou a este colunista.
Era uma virada no jogo de subserviência da cúpula das Forças Armadas ao ex-presidente, raramente testemunhado nos últimos anos.
Ainda que aqui e ali algum general de Exército demonstrasse insatisfação com o líder da extrema direita brasileira — caso do brilhante Edson Leal Pujol na pandemia de Covid-19 — a maioria desses militares sucumbiu ao golpismo.
Era necessário muito brio (nem todos os fardados têm) para se manter firme à Constituição e não ao golpista de plantão no Palácio do Planalto, entre 2019 e 2023.
O que se via — e se tornou corriqueiro — foram generais da ativa assumindo postos políticos, fazendo declarações inapropriadas e até ameaças a adversários.
Pois bem.
Voltando ao dia 22 de fevereiro último: a informação era a de que um novo grande temor existia no QG bolsonarista. A de que um general ou outro resolvesse implicar Jair Bolsonaro no jogo golpista de 2023, que remete a 1964, no Brasil.
Naquele mesmo dia, confiava-se que, quem fosse fiel ao líder da extrema direita, manteria o silêncio nos depoimentos — foram dezenas na mesma hora — após o próprio político informar o país que não responderia os delegados da Polícia Federal sobre a tentativa de golpe.
A “senha” nos depoimentos à Polícia Federal
Como também informou esta coluna, essa era a “senha” para que todos não falassem aos delegados, já que os depoimentos de vários investigados, incluindo Bolsonaro, foram, como disse, marcados no mesmo horário.
Mas, com a revelação de que ao menos o general Marcos Antônio Freire Gomes — também ex-comandante do Exército — implicou solidamente Bolsonaro na trama inconstitucional pós-vitória de Lula no ano passado, isso começa a mudar.
O Brasil pode ser outro com generais desse calibre — desculpem o trocadilho, leitores — no Exército de Duque de Caxias.