Em vez de editar fala de Bonner, o que Lula pode responder sobre corrupção
Ou... como o ex-presidente pode enfrentar Bolsonaro no tema
O momento que ainda está no holofote do primeiro debate presidencial de 2022 – e que continua sendo discutido até o dia de hoje – foi a forma como Jair Bolsonaro acuou Lula em uma pergunta sobre corrupção.
Mas, como disse William Bonner, “o (Supremo Tribunal Federal) deu razão (a Lula), considerou o juiz Sergio Moro parcial, anulou a condenação do caso do triplex e outras ações por ter considerado a Vara de Curitiba incompetente”.
O petista, “portanto, não deve nada à Justiça”.
E Lula não deve mesmo.
Mas não adianta só editar a fala de Bonner e espalhar nas redes sociais.
É preciso que Lula e o PT mostrem que, no tema corrupção, a situação é muito diferente do que a extrema direita vende aos conservadores brasileiros, fora da bolha esquerdista.
Como comentado pela coluna, o ex-presidente foi muito bem ao admitir os desvios na Petrobras durante a entrevista no Jornal Nacional, após ser questionado pelo jornalista sobre como ele “convenceria os eleitores de que esses escândalos não vão se repetir”.
Mas o que a entrevista ao telejornal da Globo tem a ver com o debate da TV Bandeirantes?
Tudo.
Em um, Lula foi bem e Bolsonaro, mal. No outro, o atual presidente venceu, e o ex-presidente perdeu.
Hoje se sabe o motivo.
O PT, erradamente, manteve a estratégia Lula paz & amor 2.0 nos dois, quando deveria ter feitos planejamentos diferentes para as situações, que, venhamos e convenhamos, são completamente distintas.
É simples.
Se no debate Bolsonaro resolveu falar do passado de Lula – e das acusações que não mais se sustentam, tachando-o de ex-presidiário –, o petista pode falar dos casos da rachadinha de Flávio Bolsonaro, que também foram interrompidos na Justiça.
Hoje, Lula e Flávio Bolsonaro têm a mesma situação jurídica.
Se é para falar do passado, o PT deve aconselhar Lula a colocar as cartas na mesa desde já para mudar essa falácia de que um tem superioridade moral para falar do outro sobre corrupção.
Aliás, mesmo que a direita tente criar essa narrativa mentirosa, parte da sociedade brasileira já percebeu que, enquanto Lula deu independência e reforçou os órgãos de controle, Bolsonaro atacou e fragilizou essas mesmas instituições.
O líder da extrema direita fez isso com a Polícia Federal, o Ministério Público e até com o Coaf, que investigava o filho Zero Um.
Apesar das fake news de Bolsonaro, o atual governo é investigado por corrupção, por exemplo, no Ministério da Educação, caso que envolve tráfico de influência de pastores evangélicos, que vivem arrotando mentiras sobre Lula, mas que – no fundo, no fundo – estão mais sujos que pau de galinheiro.