As declarações do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, sobre Jair Bolsonaro continuam a repercutir nos três poderes, em Brasília, nesta segunda, 14.
A avaliação é a seguinte: não é todo dia que um ministro do TSE ou do Supremo fala assim de um presidente da República – de forma elegante, claro, mas afirmando que ele tem dificuldade de aprendizado.
“Tudo isso eu acho que mais revela limitações cognitivas e baixa civilidade do que propriamente um risco real”, afirmou Barroso ao listar atos de Jair Bolsonaro contra a democracia brasileira.
O magistrado falava do “comício do presidente na porta do quartel-general do Exército, tanques na Praça dos Três Poderes, a minguada manifestação do 7 de setembro com discursos golpistas”.
Após as declarações, a coluna foi procurada por um integrante do governo e dois ministros de cortes superiores. Curiosamente, as três autoridades perguntavam: “Barroso chamou Bolsonaro de burro? É isso?”
“Limitações cognitivas” ocorrem, segundo especialistas, “quando uma pessoa tem dificuldades no processamento de informações, incluindo tarefas mentais como atenção, raciocínio e memória”.
(Isso, inclusive, é passível de tratamento. Jovens diagnosticados com algumas síndromes tem melhorado sua capacidade de aprendizado)
Enfim… voltando: de fato, Bolsonaro tem dificuldade de entender que a democracia brasileira não lhe dá espaço para atacar instituições como o judiciário. E volta e meia ele faz isso, mesmo que para isso dê um tiro no pé.
As crises institucionais listadas por Barroso impactaram diretamente, por exemplo, a cotação do dólar que, por sua vez, mexeu com os preços de diversos itens, incluindo os combustíveis, derrubando a popularidade do presidente.
Na entrevista, Barroso alertou também para o fato de que Bolsonaro prepara nova investida contra o sistema eleitoral, agora usando como pretexto as perguntas feitas por um representante das Forças Armadas. É algo corriqueiro apenas, mas Bolsonaro está tratando como prova de “vulnerabilidade” como disse em sua última live.
Enquanto as autoridades tentam decifrar a mensagem de Barroso, o ministro já nem esconde mais o que pensa. Recentemente, em entrevista à imprensa estrangeira, o ministro afirmou que Bolsonaro é o que é.
O presidente do TSE também tratava dos arroubos do presidente da República, deixando claro que ele se revela uma pessoa de pouco conhecimento e com zero civilidade.
Bolsonaro pode gerar confusão aqui e ali, mas colhe o que plantou.