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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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Fala de Bolsonaro sobre Alexandre de Moraes esconde uma grande ironia

Ou… o presidente acusa o ministro de fazer o que ele, sim, faz. Entenda

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 23 mar 2022, 08h54 - Publicado em 22 mar 2022, 12h00
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  • O presidente Jair Bolsonaro se confundiu em suas (já famosas) críticas nesta segunda, 21. Em entrevista à TV Jovem Pan, o presidente disse que o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes faz uma “perseguição implacável” contra ele.

    “Sabemos da posição do Alexandre de Moraes. É uma perseguição implacável para cima de mim”, disse o presidente.

    Não é preciso ir muito fundo para constatar que, na verdade, o perseguidor é Bolsonaro. O presidente não consegue passar muitos dias sem citar Moraes, sem alfinetar o ministro e sem colocar em dúvida a honestidade de seu trabalho.

    Para ajudar o presidente e seus apoiadores, esta coluna vai dar alguns exemplos do que seria, de fato, uma “perseguição implacável”.

    Perseguição implacável é apoiar atos antidemocráticos que enaltecem a ditadura militar, que ataca as instituições e que ofendem a democracia.

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    Perseguição implacável, senhor presidente, é atacar o ministro responsável pelo inquérito que investiga esses atos.

    Perseguição implacável é espalhar notícias falsas sobre a saúde dos brasileiros e sobre a vacina contra a Covid-19 e criticar o ministro que, com razão, investiga esses absurdos.

    Perseguição implacável é vazar dados sigilosos em uma rede social e ofender o ministro que, com razão novamente, investiga esse comportamento.

    Perseguição implacável é publicar críticas a um ministro que suspendeu o Telegram porque a plataforma não assume nenhuma responsabilidade pelo que é publicado em seu espaço.

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    Embora Bolsonaro não saiba o que é isso, é preciso responsabilizar quem erra, quem agride a democracia e quem incentiva as pessoas a continuarem disseminando inverdades.

    Enquanto Alexandre de Moraes faz seu trabalho e é acusado de perseguição, o presidente continua fazendo insinuações sem provas e inflamando seus seguidores a reforçarem esse tipo de comportamento.

    As eleições se aproximam e Bolsonaro terá que lidar com o fato de Moraes será o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no período das votações.

    O presidente deveria estar preocupado em melhorar sua gestão – se pretende sonhar com uma reeleição – em vez de acusar Moraes de fazer exatamente aquilo que ele não cansa de fazer diariamente.

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