Dos 570,8 mil servidores civis federais, apenas 0,4% (2.335) se declaram como indígenas de acordo com dados de um levantamento feito pela República.Org, com base em informações do Painel Estatístico de Pessoal do MGI (Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos), de fevereiro de 2024. Os indígenas correspondem a 0,83% da população brasileira, de acordo com o último censo demográfico de 2022.
O mesmo levantamento da República.Org mostra ainda onde esses profissionais públicos estão trabalhando – os dez órgãos públicos que concentram o maior número de indígenas. A maior parte (28%) está alocada na Fundação Nacional dos Povos Indígenas, a Funai, sendo que 82,6% deles são homens.
O segundo órgão que mais concentra pessoas indígenas é o Ministério da Saúde, com 10% de todos os profissionais indígenas da administração pública federal, seguido pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), que conta com 8% deles em seu quadro. Juntos, os 10 órgãos somam 60% dos indígenas da administração pública federal.
“É importante que o país tenha cada vez mais indígenas no serviço público. Isso reforça a ideia de burocracia representativa. Termos um quadro de servidores públicos mais diverso aumenta as chances de uma boa prestação de serviços para a pluralidade da população e faz com que os cidadãos se identifiquem com quem atua na máquina pública”, afirma Vanessa Campagnac, gerente de dados e comunicação da República.Org, um instituto dedicado a melhorar a gestão de pessoas na administração pública.
Campagnac também argumenta que o número de indígenas na administração pública federal deve aumentar ainda este ano por conta da realização do Concurso Nacional Unificado, organizado pelo MGI.
“O concurso unificado é uma ótima notícia, pois pessoas que moram longe dos grandes centros, como é o caso de muitos indígenas, não vão precisar viajar tanto para prestar o concurso. Na prática, isso pode significar um aumento do número de indígenas no serviço público, assim como pode ampliar as oportunidades para quem não vive nas regiões mais centrais do país”, afirma.
Os dez primeiros órgãos públicos
Nome do órgão | Sigla do órgão | Quantidade de Vínculos (Anual) | Proporção em relação ao total de indígenas do GF | |
1° | Fundação Nacional dos Povos Indígenas | FUNAI | 653 | 27,97% |
2° | Ministério da Saúde | MS | 233 | 9,98% |
3° | Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis | IBAMA | 191 | 8,18% |
4° | GOVERNO DO EX-TERRITÓRIO DE RORAIMA* | EX-TER/RR | 91 | 3,90% |
5° | Ministério dos Povos Indígenas | MPI | 47 | 2,01% |
6° | Instituto Federal do Amazonas | IFAM | 46 | 1,97% |
7° | Universidade Federal do Rio de Janeiro | UFRJ | 36 | 1,54% |
8° | Departamento de Polícia Federal | DPF | 29 | 1,24% |
9° | Instituto Nacional do Seguro Social | INSS | 29 | 1,24% |
10° | Ministério da Fazenda | MF | 29 | 1,24% |
* Ex-territórios são regiões que antes da Constituição de 1988 pertenciam à União e que se transformaram em outros entes federativos com a CF. Foram os casos dos territórios de Roraima, Rondônia e Amapá, que se tornaram estados, e de Fernando de Noronha, que se tornou distrito de Pernambuco. Os antigos servidores destes territórios foram incorporados ao quadro de servidores da União.