O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, finalmente foi direto e reto sobre a violência da extrema-direita brasileira. Em discurso para representantes da comunidade brasileira em Portugal, o petista afirmou que nunca viu a esquerda cometer a violência que a extrema direita está espalhando em nosso país.
“Tem um processo no Brasil que a gente não conhecia, que é o processo de violência da extrema-direita. Eu nunca vi a esquerda praticar 10% da violência que a extrema direita está fazendo no Brasil. Nunca vi”, disse.
Conhecia sim, Lula.
O presidente eleito falou do presente – quando bolsonaristas assassinaram dirigentes petistas em festas de aniversário – mas poderia estar falando do passado, e um passado não tão distante assim.
Esse mesmo obtuso pensamento bolsonarista atual é o que torturou, matou e ocultou cadáveres de brasileiros – até hoje desaparecidos – durante a ditadura militar.
E isso não é exagero de minha parte. Vejam bem…
Jair Bolsonaro entrou no Exército em 1977, ainda no período do regime militar, e durante toda a sua vida defendeu as atrocidades cometidas por militares em quartéis – importantes prédios públicos construídos para proteger brasileiros e não para essa violência cruel, vil e covarde.
O presidente pode não ter participado de sessões de tortura, mas representa o pensamento exato dos porões da ditadura. É isso que ele é como político e como pessoa. Defendeu Carlos Alberto Brilhante Ustra, cuspiu no busto de Rubens Paiva, fez chacota de mulheres grávidas torturadas com animais.
Em 2018, 41 anos depois de vestir uma botina em quartel, Bolsonaro trouxe com ele a violência para a política. Tanto é assim que o PT e PSDB disputaram as eleições sem tiros e granadas durante anos enquanto o país não levava a sério a defesa sórdida que ele fazia de uma guerra civil que matasse 30 mil brasileiros.
Lula está certo em colocar um holofote na violência que o bolsonarismo radical representa hoje, assim como está certo em arrumar a fórmula – ou melhor, o antídoto – para estes que não tem pacto nenhum com a civilidade.
“A democracia é uma sociedade em movimento. Vamos derrotá-los sem usar contra eles os métodos que eles utilizaram contra nós. A gente não quer perseguição, a gente não quer violência. O que a gente quer é um país que viva em paz”.
Só faltou o presidente eleito lembrar que a violência do bolsonarismo não nasceu agora, mas é bastante conhecida dos brasileiros, especialmente da esquerda, que foi massacrada durante 21 anos no Brasil.