Sem ter jamais entendido a liturgia do cargo de presidente, Jair Bolsonaro perdeu mais uma oportunidade de mostrar ao país como um chefe de estado se porta. É triste porque, enquanto isso, a imagem do Brasil está sendo destruída no exterior.
Enquanto a Ucrânia é bombardeada pela Rússia e as imagens chocam o mundo, o presidente brasileiro tomou sim partido de um lado dessa guerra. Primeiro, Bolsonaro falou a vergonhosa frase que o Brasil manterá a neutralidade, enquanto o Itamaraty condenou os ataques à ONU.
Depois – também enquanto bombas caiam do céu sob a Ucrânia – Bolsonaro criticou o país ferido dizendo que o povo ucraniano escolheu um comediante, Volodymyr Zelensky, como líder.
E nós, os brasileiros, o que escolhemos? Melhor seria se tivéssemos encontrado um comediante a um perturbado chefe de estado que flerta o tempo todo com o fascismo.
Jair Bolsonaro erra em quase tudo que faz.
Como lembrou a Folha de S.Paulo nesta terça-feira, 1º, o presidente brasileiro declarou solidariedade a Vladimir Putin em solo russo, dias atrás. Isso gerou um estrago internacional tão grande, que a porta-voz da Casa Branca respondeu Bolsonaro, chamando atenção do mundo para o que ele é.
“A vasta maioria da comunidade global está unida em uma visão compartilhada de que invadir um outro país, tentar tirar parte do seu território, e aterrorizar a população, certamente não está alinhado com valores globais. Acho que o Brasil parece estar do outro lado de onde está a maioria da comunidade global”, disse Jen Psaki.
Estamos acostumados com os vexames brasileiros cometidos por esse governo? Me parece que sim, lamentavelmente. A política externa de Jair Bolsonaro é uma catástrofe. Até em meio à guerra, Bolsonaro consegue passar vergonha.
Foi, inclusive, inútil o esforço do ministro das Relações Exteriores, Carlos França, de tentar salvar a posição do presidente Bolsonaro sobre a guerra.
Em entrevista à Globonews nesta segunda, 28, França tentou mudar a semântica das palavras, criticou as sanções, e evocou a tradição brasileira na diplomacia. Tudo isso para dizer que Jair Bolsonaro está certo na sua posição, aquela que o presidente definiu como “neutralidade”. Mas, sabemos, é a favor da Rússia, o país agressor.
Em meio à esse série de erros internacionais da sua gestão, Bolsonaro testemunha Lula vacinando os netos e dando declarações corretas sobre a crise internacional: “a humanidade não precisa de guerra, precisa de emprego, de educação”.
“Se você tem um presidente [Bolsonaro] que briga com todo mundo, ele serve para quê? Até em coisas sérias, ele mente, disse que tinha conseguido a paz ao viajar para a Rússia”, reforçou o petista.
Bem, é difícil discordar de Lula neste caso. Por essas e outras, o ex-presidente lidera as pesquisas eleitorais.