Pouca gente percebeu. No último dia 15 de maio, foi aprovado na Comissão de Cultura da Câmara a proposição do Projeto de Lei 4409, do deputado Alfredinho do PT, que insere o nome do Marechal Henrique Teixeira Lott no Livro dos Heróis da Pátria.
A proposta está agora na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), aguardando relator. Essa homenagem promete remoer o passado e transformar a CCJ, mais uma vez, em um palco de discussões ideológicas. O Marechal Lott foi um militar democrata, defensor intransigente da Constituição, que combateu uma tentativa de golpe em 1955 e mandou prender os golpistas que planejavam impedir a posse de Juscelino Kubitschek, presidente legitimamente eleito pelas urnas. Impossível não lembrar do 8 de janeiro.
Ao colocar os tanques na rua, Lott botou pra correr os conspiradores. Quase dez anos depois, muitos deles fariam o Golpe de 1964 e derrubariam João Goulart.
Na CCJC, os bolsonaristas podem ficar numa situação irônica e desconfortável, votando contra uma homenagem a um militar fundamental na História do Brasil, que, ironicamente traz de volta um cenário político muito parecido com o atual.
Em breve, esse confronto pode ir para o Plenário. Parentes, amigos, jornalistas e políticos estão se movimentando para que aconteça uma homenagem que pode incluir uma Sessão Solene na Câmara pelos 70 anos do Movimento do 11 de Novembro que garantiu a posse de Juscelino e a Democracia no país.
O Marechal também vai assombrar os golpistas no cinema. A produtora Scriptonita Films, de Ciça Castro Neves e Luca Paiva Mello, acaba de adquirir os direitos da biografia do Marechal Lott, O SOLDADO ABSOLUTO, escrita por Wagner William. Em breve, a história do militar democrata vai estar na telona.
O livro é da Editora Record e deu um salto de vendas de 2018 para cá, com as inevitáveis comparações entre o marechal legalista e os militares que apoiavam os manifestantes que acamparam em frente aos quartéis. A pergunta: “onde está o Marechal Lott?” ecoou nas redes sociais.