Os próximos dias serão decisivos para o futuro de Sergio Moro. Sendo cortejado pelo Podemos e com reuniões marcadas com dirigentes do partido, o ex-juiz terá que decidir se vai entrar na vida política ou não.
No final do mês, Moro vai se encontrar com quatro nomes importantes do Podemos: a presidente do partido, deputada Renata Abreu, e os senadores Álvaro Dias, Oriovisto Guimarães e Flávio Arns.
O objetivo da reunião, segundo a coluna apurou, é dar um ultimato em Moro e fazer duas perguntas fundamentais: em primeiro lugar, o ex-juiz terá que responder se vai entrar na política ou não. Se decidir se tornar político, deverá definir se será candidato à Presidência da República ou se vai tentar emplacar uma carreira como senador.
As opções, caso opte pelo Senado, seriam uma candidatura pelo Paraná ou por São Paulo. Essas são as possibilidades que serão colocadas na mesa para Sergio Moro.
Embora o ex-juiz possa se filiar a um partido até 6 meses antes das eleições de outubro de 2022, o Podemos pretende pressionar por uma resposta de Moro ainda este mês para conseguir se planejar.
Se ele aceitar uma candidatura, a legenda começa a construir um projeto partidário. Os que concordam com Moro permanecem. Os que não concordam, terão liberdade para sair.
Por outro lado, se o ex-juiz decidir não entrar na política, o Podemos precisa colocar em prática o plano B, que envolve escolher uma figura forte para se candidatar à presidência pelo partido.
Entre os nomes que poderiam receber um convite do Podemos estão o do governador Eduardo Leite – num cenário de derrota dele nas prévias do PSDB para João Doria. Há também o nome da senadora Simone Tebet, caso ela não seja avalizada pelo PMDB para se candidatar.
Internamente, o nome de Moro divide opiniões no Podemos. A bancada do Paraná estaria encantada com a possibilidade de ter o nome do ex-juiz como figura estratégica da legenda, mas outros integrantes têm reservas em relação à escolha.
Depois dos excessos cometidos na Lava Jato, falar da operação agora nem sempre é sinônimo de boa repercussão. Além disso, pouco se sabe sobre o que Moro pensa a respeito de outros assuntos que envolvem o país. A única certeza que se tem hoje é que o ex-juiz é “contra a corrupção”. No entanto, suas convicções a respeito da economia e de temas fundamentais como programas sociais, por exemplo, ainda são um mistério.
Se a decisão de Moro for entrar na política e se filiar ao Podemos, ele terá que ir até Brasília e conversar com os demais integrantes do partido. Mas, antes de tudo isso, é preciso saber se o ex-juiz, com a imagem maculada pelos vários excessos da Lava Jato, vai assumir de vez uma postura política e se apresentar como uma terceira via entre Bolsonaro e Lula.