Depois do erro grotesco da Polícia Civil do Paraná no inquérito que apurou o assassinato do petista Marcelo Arruda pelo bolsonarista José Guaranho, o Ministério Público tenta salvar o Estado de uma vergonha nacional.
Nesta quarta, 20, o MP do Paraná denunciou Jorge Guaranho por homicídio qualificado e deixou claro que o caso configura um crime político.
Em um dos trechos da denúncia, os promotores enfatizam o comportamento agressivo de Guaranho contra simpatizantes do PT.
“O denunciado, então, deixou o local, mas não sem antes prometer que lá retornaria e acabaria com todos, não obstante a fútil motivação da querela (preferências político-partidárias antagônicas)”.
Em outro ponto, a denúncia deixa claro que a motivação era fútil e política.
“Ainda na parte externa, Jorge José da Silva Rocha Guaranho, dolosamente e imbuído da mesma fútil motivação, dizendo ‘petista vai morrer tudo’, detonou dois disparos contra a vítima, atingindo-a no abdômen e na coxa direita, o que a fez cair”.
O MP finalmente demonstra a postura que se espera do estado numa situação como essa. Às vésperas da eleição mais polarizada dos últimos tempos, é preciso dar os nomes certos aos abusos e comportamentos criminosos que já aconteceram para evitar que outros aconteçam.
Não há lugar para disfarces. O que aconteceu foi um crime político e, mesmo que não seja possível tipificar a conduta, é imprescindível que isso conste do processo e que fique claro que atitudes assim não são toleradas.
Como esta coluna mostrou, a Polícia Federal errou duas vezes: errou ao não dizer que o crime foi político e depois ao tentar se justificar, o que deixou a situação ainda mais vergonhosa.
Os promotores Luis Marcelo Mafra Bernardes da Silva e Tiago Lisboa Mendonça, responsáveis pela denúncia contra Jorge Guaranho, merecem os parabéns pela coragem de dizer aquilo que precisa ser dito: a verdade sobre o crime político no Paraná.
Tanto a Polícia Federal como o Ministério Público são órgãos de estado e não devem servir ao governo, seja ele qual for. Com as eleições se aproximando, fica ainda mais claro que é preciso punir aqueles que querem impor suas ideias aos outros de forma autoritária e violenta.