O presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, fez uma avaliação crítica, mas positiva do papel das Forças Armadas nos últimos anos, quando Exército, Marinha e Aeronáutica subiram com as fardas e as armas no palanque político ao lado de Jair Bolsonaro.
“Na hora h, as Forças Armadas ficaram do lado da legalidade. Não há golpe sem as Forças Armadas”, afirmou o ministro durante painel no Brazil Economic Forum, na Suíça, organizado por VEJA e Lide.
Barroso falava algo que tem desabafado a alguns interlocutores, mas nos bastidores. Para o magistrado, oficiais militares cometeram erros ao se envolverem com a política sob o comando do líder da extrema-direita, mas não entraram numa aventura golpista no 8 de Janeiro, o que selaria a tentativa de golpe.
Além de encarar os principais assuntos que estão no inconsciente da polarização brasileira, o presidente do STF lembrou a dureza dos quatro anos do governo Bolsonaro, nos quais a corte foi soterrada por ataques à sua atuação.
“Durante quatro anos o Supremo teve sob severo ataque do antigo presidente [Bolsonaro]. Ele não se elegeu, mas teve quase 50% dos votos e muita gente se identifica com esse discurso, que vê o Supremo como problema. Tentamos mostrar que o Supremo é parte da solução do Brasil”, afirmou Barroso.
Barroso não deixou de fazer também um importante desabafo, já que foi acusado pelo próprio ex-presidente injustamente de cometer crimes. ”Democracia não é consenso, mas há um ano eu não sou insultado”.