Alçada ao protagonismo político da “terceira via” com desistência de João Doria, Simone Tebet aproveitou o momento em que afagava o ex-governador de São Paulo para mandar um duro recado para caciques do MDB contrários a sua candidatura à presidência.
Assim que Doria anunciou a desistência, Tebet afirmou em nota que o tucano nunca foi adversário, e sim aliado. Em seguida, aproveitou o momento para – em Cuiabá, onde cumpria agenda da pré-candidatura ao Planalto – criticar principalmente Renan Calheiros, mas também Eunício Oliveira.
“O que fez com que o MDB diminuísse no Nordeste e não no Sul. Vamos lembrar que nós temos que fazer uma mea culpa e fazemos, o MDB esteve envolvido em escândalos do petrolão. O que diminui um partido não é o fato de se ter candidatura própria, ao contrário”, disse Simone Tebet.
Renan e Eunício, como lembrou VEJA no mês passado, responderam ou ainda respondem a processos criminais ligados à operação Lava Jato, que apurou corrupção na estatal do petróleo cometendo abusos, segundo o Supremo Tribunal Federal.
De acordo com interlocutores da presidenciável ouvidos pela coluna, passou despercebido pela imprensa o contra-ataque, mas era dos dois que Simone Tebet se referia ao dizer que o partido precisava fazer “mea culpa” e que “o MDB esteve envolvido em escândalos do petrolão”.
O alagoano Renan Calheiros tem defendido publicamente que o MDB não tenha candidatura própria e que o partido apoie Lula – ele mesmo já tem feito isso, postando o jingle “Lula lá” e dizendo que o ex-presidente é um “estadista” que mostra ser “possível dar a volta por cima”.
O cearense Eunício Oliveira fez um jantar para Lula em sua casa no mês passado, convidando diversas lideranças partidárias emedebistas e de outras legendas. Além disso, questionou a liberação dos R$ 417 milhões do fundo partidário para “uma candidatura que não tem viabilidade”.
Na política, não há espaço vazio.
Com a saída de João Doria do páreo – após o erro histórico do PSDB, diga-se de passagem -, Simone Tebet avança em busca do eleitorado que não quer nem Lula e Bolsonaro, e aproveita para responder caciques do próprio partido que têm minado sua candidatura há meses.