O debate deste domingo, 28, entre os candidatos à Presidência foi uma sucessão de ataques, deslizes e dedos apontados.
Como a coluna mostrou, Lula perdeu uma grande oportunidade de ser mais incisivo, o que deixou no ar a sensação de que Bolsonaro saiu vencedor. Mas, como sempre, o presidente consegue se queimar sozinho, sem a ajuda de ninguém.
Nas considerações finais do debate, momento em que poderia ter dito qualquer coisa – até mentir como sempre faz – sobre os “feitos”do seu governo, Bolsonaro fez o que vem fazendo nos últimos anos: mostrou que não tem nenhum preparo para ocupar o cargo que ocupa.
“Lula apoiou o presidente do Chile também. O mesmo que praticava atos de tocar fogo em metrôs lá no Chile. Para onde está indo o nosso Chile?”, questionou Bolsonaro.
A declaração é irresponsável, leviana e gerou reação do governo chileno, é claro. Nesta segunda, 29, o Chile convocou o embaixador do Brasil em Santiago em protesto contra as declarações.
Bolsonaro nunca entendeu a liturgia do cargo de Presidente da República. Teve quatro anos para aprender, mas não aprendeu. Insinuar que Boric pôs fogo em metrôs cria uma tensão desnecessária com um país importantíssimo para o Brasil.
A declaração chama atenção, causa mais instabilidade, fez o Chile convocar o embaixador e atinge a credibilidade que o Brasil já vem perdendo nos últimos anos.
O extremismo de Bolsonaro gera atritos desnecessários. O Brasil nunca esteve tão isolado. Como bem disse o diplomata Rubens Ricupero no auge da pandemia, a péssima gestão das relações internacionais no governo Bolsonaro transformam o país em um verdadeiro pária e envergonha milhões de brasileiros.