Os gritos racistas dos torcedores do Fluminense, chamando o atacante do Flamengo de macaco, mostram como o time tricolor está no centro de uma questão fundamental do país e… perdendo de goleada.
Mesmo ganhando de 1 a 0 no campo, em um jogo disputadíssimo e até violento entre os 22 jogadores que entraram no Nilton Santos, o Fluminense acabou vergonhosamente derrotado.
É inadmissível que o clube aceite ver sua torcida repetir o que torcedores de times europeus fazem com frequência, que é o racismo estrutural, chamando jogadores negros de macacos.
Muitos deles são brasileiros radicados por lá, como já ocorreu até com Neymar.
O Brasil é um país racista, como já descobrimos há décadas. O racismo estrutural que existe na Europa também está, infelizmente, presente na sociedade brasileira.
Mas, quando isso chega ao futebol, e no clássico mais emblemático do país, é hora de entendermos por que o país não supera o óbvio.
O Flamengo e o Gabigol reagiram.
“O Clube de Regatas do Flamengo repudia veementemente o episódio lamentável ocorrido na partida deste domingo com o atleta @gabigol, que foi vítima de racismo. O clube presta total solidariedade ao nosso atacante. Estaremos sempre ao seu lado, Gabi. Racismo é crime!”, afirmou “o mais querido”.
A nota de repúdio foi seguida pelo próprio atacante rubro-negro: “Até quando? Até quando isso vai acontecer sem punição? Jamais vou me calar, é inadmissível que passemos por isso!! Orgulho da minha raça, orgulho da minha cor!!”
Gabigol não tem nada com isso, e já se mostrou ser contra a extrema-direita brasileira, mas o caso de racismo no Fla-Flu tem muito a ver com o bolsonarismo, que chegou ao poder com o ex-capitão do Exército Jair Bolsonaro.
O curioso (e também vergonhoso) é que Jair Bolsonaro acabou apoiado, desde então, pela atual diretoria do Flamengo.
É um problema enraizado no país, que a nota acertada do Flamengo não vai resolver. A postura da própria diretoria deveria ser outra, mas isso não ocorrerá.
O cronista Nelson Rodrigues definiu a importância do Fla-Flu muito bem. Segundo ele, o jogo começou 40 minutos antes do nada, “em um tempo imemorial”.
O mesmo Nelson Rodrigues estaria envergonhado nesta segunda-feira, 7, se tivesse ouvido os gritos racistas dos tricolores. O clássico mais charmoso do país diminuiu de tamanho.