
Além de antidemocrática, a declaração de Lula sobre votos sigilosos no Supremo tomou conta do noticiário nesta terça, 5, de tal forma que atrapalhou a estratégia de comunicação do próprio governo nas áreas ambiental e cívica.
Ontem era o dia da Amazônia. E a gestão petista havia preparado, nas últimas semanas, o anúncio de várias medidas, como o plano “União com os Municípios”, que transfere dinheiro do Fundo Amazônia, do executivo federal, para municípios que se comprometeram a combater o desmatamento.
O importante plano, e a estratégia de comunicação de lançamento, acabaram totalmente ofuscados pela declaração infeliz do presidente da República.
Incluindo, os R$ 600 milhões a serem transferidos para os municípios da Amazônia e o anúncio de três unidades de conservação, em Roraima. Estava pronto também o anúncio da queda vertiginosa de desmatamento em agosto.
Por tudo isso, técnicos da área ambiental do governo estavam ansiosos para os anúncios relacionados ao dia da Amazônia, seja na área do Ministério do Meio Ambiente, seja no dos Povos Indígenas, que conseguiu novas demarcações de terras.
Segundo a coluna apurou, preparou-se todo o palco para uma notícia boa e verdadeira, já que o país está melhorando na área ambiental, no combate à mudança climática, no combate ao desmatamento e na inclusão e proteção dos povos indígenas.
Mas “o palco teve que ser desmontado” no dia do anúncio porque Lula fez a declaração, na sua live semanal, defendendo que a sociedade não deve saber os votos dos ministros do STF durante os julgamentos na corte.
Primeiro que o programa onde a declaração foi feita nada mais é que a forma encontrada para sobrepor as péssimas lives de Bolsonaro. Nesse aspecto, também não deu certo. Segundo, que a fala de Lula é inaceitável, e o presidente acabou criticado por falta de valores democráticos em um dia de avanços ambientais e dois dias antes do 7 de setembro.
Não é segredo em Brasília que o governo Lula quer fazer desse 7 de setembro um marco da democracia, se contrapondo ao horror bolsonarista com o uso político das Forças Armadas.
Em vez de aproveitar esse momento – o dia da Amazônia e a recuperação do dia da independência – com boas notícias, Lula fez a declaração que simplesmente apagou a importância de todas as outras, num clássico tiro no pé.