O senador Hamilton Mourão, vice de Jair Bolsonaro entre 2018 e 2022, resolveu expor uma visão totalmente negacionista sobre 8 de Janeiro e o papel das Forças Armadas em entrevista à jornalista Thaísa Oliveira, publicada neste sábado, 11.
Não que chegue a ser uma surpresa vindo de um político que define Carlos Alberto Brilhante Ustra como herói, mas é assustador que, diante dos terríveis capítulos dos últimos anos, o general da reserva mantenha uma narrativa irreal.
Para Hamilton Mourão, golpistas do 8 de janeiro deveriam ser beneficiados com uma anistia ampla e irrestrita porque “não mataram ninguém” – o que fizeram foi apenas “dano material”.
Mas ele não para por aí.
De acordo com o senador, alguns dos golpistas que destruíram as sedes dos Três Poderes eram apenas “passageiros da agonia nesse filme”, não foram responsáveis por “vandalismo” e deveriam ser julgados na primeira instância.
Ou seja, estão sendo injustiçados.
Na entrevista, o político ainda afirmou que existe “um certo preconceito em relação às Forças Armadas” em uma parcela da sociedade. E que a “desconfiança” do presidente Lula em relação ao Exército, Marinha e Aeronáutica ajuda nisso.
“Existe no segmento mais esclarecido da sociedade, ou pseudo-esclarecido, um certo preconceito em relação às Forças Armadas. […] A própria questão da desconfiança do presidente em relação aos comandantes. Não era para ter desconfiança”, disse.
O senador ainda afirmou que “os militares não estão na política” e, para completar, diminuiu a importância da minuta do golpe encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, dizendo que “isso não existe”.
É ou não é o negacionismo em relação ao Brasil dos últimos anos?
PS – Mourão acredita que, se fosse o vice de Bolsonaro em 2022 no lugar de Braga Netto, o líder da extrema-direita teria ganhado a eleição. Sobrou até pro colega de farda.