O presidente eleito Lula deu um grande sinal sobre quem será o Ministro da Fazenda de seu governo ao enviar Fernando Haddad para falar em seu nome num evento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) nesta sexta, 25.
A ideia de Haddad como ministro da Fazenda não agrada muito ao mercado, que preferia um nome como o de Persio Arida na posição. Em vez disso, Haddad pode ficar na Fazenda e Arida é cotado para assumir o Ministério do Planejamento.
O cenário não é o ideal, mas a dupla ainda pode agradar ao mercado.
O Planejamento é responsável pelo Orçamento, pela definição de políticas de longo prazo. Persio Arida é um defensor da responsabilidade fiscal, algo muito valorizado pela “Faria Lima”.
O economista foi preso na ditadura militar, foi um dos formuladores do Plano Real, trabalhou num governo de centro, o de Fernando Henrique, e depois foi para o mercado financeiro, atividade da qual se afastou nos últimos anos.
Ele chegou a compor a equipe econômica de Geraldo Alckmin quando ele foi candidato à Presidência da República em 2018, pelo PSDB.
Já Fernando Haddad tem uma longa lista de serviços prestados ao PT e, em especial, a Lula. Em 2018, ele foi para o sacrifício numa campanha presidencial difícil e que apontava para uma derrota — o que, de fato, aconteceu.
Neste ano, Haddad não queria ser candidato ao governo de São Paulo, mas lançou a candidatura a pedido de Lula e sofreu uma nova derrota. Antes de tudo isso, o petista já havia sofrido outra derrota para João Doria na disputa pela prefeitura de São Paulo.
Haddad coleciona favores e tentativas malsucedidas de voltar ao poder e, se bater o pé por um ministério, provavelmente conseguirá. Mas ele é, sobretudo, leal a Lula.
No encontro desta sexta, Haddad anunciou — no evento com a Febraban — que Lula quer priorizar a reforma tributária. Destacou que o governo quer reconfigurar o orçamento público para torná-lo mais consistente e mais transparente.
Segundo ele, a próxima gestão quer melhorar a qualidade e a progressividade da receita e a qualidade e a transparência do gasto público.
Lula deu sinais, mas precisa oficializar o nome de seu ministro da Fazenda quanto antes. Se o escolhido for Haddad, a expectativa é de que, se o mercado não confia, ao menos dê um voto de confiança de que a responsabilidade social e a fiscal caminharão juntas.
No mercado, as cotações pioraram nesta sexta, 25. Bolsa caiu, dólar subiu. Mas basicamente porque eles queriam que Haddad anunciasse coisas concretas sobre a PEC da Transição e do substituto do teto de gastos, coisa que evidentemente Haddad não poderia fazer.