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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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Os detalhes assustadores de Alexandre de Moraes sobre a tentativa de golpe

Em entrevista à VEJA, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral dá uma nova dimensão para a gravidade do 8 de Janeiro...

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 8 Maio 2024, 17h08 - Publicado em 4 jan 2024, 14h37

As revelações sobre a tentativa de golpe — feitas a VEJA pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes, nesta quinta, 4 — dão, como nunca antes, a dimensão do risco sofrido pela democracia brasileira no 8 de Janeiro. 

Em entrevista a Mauricio Lima, o ministro do Supremo Tribunal Federal deu, por exemplo, detalhes assustadores sobre o alto nível de organização dos golpistas que destruíram a sede dos Três Poderes, e que quase jogaram o país nas trevas “de um período de exceção”. 

“Foi algo claramente organizado. Houve ônibus saindo de quartéis já com discurso de invasão. Havia 200 precursores, com balaclava, vestidos de preto e com radiotransmissores”, detalhou Alexandre de Moraes, chamando de “visão golpista” a ideia de que se tratava apenas de “um grupo de arruaceiros”. “Só tem essa visão quem defende o golpe, incentivou e merece ser investigado também.”.

O magistrado revelou também até que ponto chegou a inação da Polícia Militar, contribuindo para a gravidade do 8 de Janeiro. “Há imagens de carros blindados da PM se retirando e permitindo a passagem. Eu não diria, pelo menos com os indícios e com o recebimento da denúncia pela PF, que houve só incompetência. Há fortes indícios de crime”, disse Alexandre de Moraes.

A entrevista agrega ainda sobre os bastidores da reação das instituições naquele momento em que o país, estarrecido, começava a perceber que um golpe de estado poderia estar em andamento. Uma delas foi a conversa pelo telefone entre o ministro e o presidente Lula. “Comecei a trocar telefonemas com a [então] presidente do STF, Rosa Weber, com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, com Arthur Lira, e o Flávio Dino me passou o presidente Lula. O meu grande receio, de todos, era que isso acarretasse um padrão, uma operação dominó. Ou seja, que isso pudesse ocorrer em outros estados.”

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De fato, não se sabia desse temor entre os chefes dos poderes constituídos no país.

Por isso, Alexandre de Moraes foi firme e incisivo sobre a gravidade do 8 de Janeiro, subindo tom do que já havia declarado no passado sobre os extremistas de direita brasileiros que atentaram contra a Constituição e a democracia.

“Não é possível ter clemência com uma tentativa de golpe. Não é possível esquecer quem tentou subverter a democracia no Brasil, tentou acabar com os Poderes constituídos, principalmente o STF”, disse. “A Constituição é muito clara: liberdade com responsabilidade. As pessoas diziam: eu posso me manifestar na frente dos quartéis pedindo intervenção militar. Não, não pode. É crime”, completou.

Odiado pelo bolsonarismo radical, o magistrado lembrou que, nem “nos outros momentos de exceção — o estado de sítio dos marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, a ditadura Vargas e a ditadura militar — o STF foi destruído”. E avisa: “Qualquer pessoa que pretenda comemorar o dia 8 estará comemorando um crime porque estará comemorando uma tentativa de golpe”.

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O ministro do STF mandou um importante recado para as redes sociais, usadas indiscriminadamente para catapultar a violência dos bolsonaristas na Praça dos Três Poderes. “A falta de autorregulação das big techs ficou muito clara no dia 8 de janeiro. Se as big techs tivessem uma autorregulação, ou uma regulação de um órgão exterior, teriam contido pelo menos essa profusão de manobras golpistas nas redes sociais”.

“Eu não tenho dúvida em afirmar que, se não houvesse uma reação forte das instituições, nós hoje não estaríamos aqui conversando. O STF estaria fechado e eu, como as investigações demonstraram, não estaria aqui”, afirmou Alexandre de Moraes na entrevista a VEJA. As futuras gerações do país – comprometidas com o Estado democrático de direito – agradecem.

 

 

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