Números da última rodada XP/Ipespe revelam que Lula rompeu — ou ganhou apoiadores — no bolsão bolsonarista mais fiel do país. O petista, que tem liderado as pesquisas de intenção de voto, mas perdido fôlego, pode estar recebendo um presente de onde menos esperava.
Como mostrou a coluna Maquiavel, Lula diminuiu a liderança de Jair Bolsonaro em 9 pontos entre o eleitorado evangélico desde janeiro — a diferença caiu de 43% a 27% para 40% a 33%. Ou seja, de 16 para 7 pontos porcentuais.
É uma queda significativa e em um momento-chave da disputa eleitoral, já que, em 2018, o atual presidente marcou espantosos 70% nesse segmento, contra apenas 20% de Fernando Haddad, candidato petista à época — os outros 10% anularam o voto.
Não se sabe ainda se isso vai durar, nem se já é resultado da investida de Lula e do PT em algumas lideranças tradicionais da igreja, o que ocorreu nos últimos meses — seja secretamente, seja publicamente.
Mas pode ser cedo para qualquer comemoração mais efusiva.
Na última eleição, os pastores evangélicos fizeram um papel indecoroso, transformando os púlpitos das igrejas em palanques de Bolsonaro.
Desavergonhadamente.
Se voltarem a carga em cima dos fiéis, os pastores, em sua maioria conservadores nos costumes e direitistas raiz, podem estancar esse movimento e até revertê-lo em parte, usando as pregações de domingo para fazer política e não para espalhar os preceitos cristãos.
Por enquanto, Lula tem esses números da última pesquisa apenas como norte — dados surpreendentes, porque, de fato, se trata de um tradicional reduto bolsonarista.
É o PT recebendo uma “bênção” na Sexta-Feira da Paixão.