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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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Protestos, Gandhi, Groucho e o horário de verão

Roteirista Daniel Fraiha vê nas manifestações uma ânsia geral por alguma luz no fim do túnel

Por Daniel Fraiha
Atualizado em 3 out 2021, 15h35 - Publicado em 3 out 2021, 15h14
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  • Há 90 anos, num 3 de outubro de 1931, surgia no Brasil o horário de verão. Uma ideia criada no exterior para economizar energia elétrica, que teve como consequência também deixar a vida um pouco mais iluminada. Um sopro extra da primavera e do verão nos dias de todos. Um detalhe, talvez. Porém um detalhe simbólico, extinto pelo governo atual desde 2019.

    A discussão técnica sobre o valor disso é longa. Mas o simbolismo desse “roubo” do sol não é em vão. Quando as sombras imperam, essa hora extra de luz faz muita falta.

    E o Brasil precisa muito de novas luzes. Precisa de mentes, vozes e holofotes que iluminem um novo presente e um novo futuro. O grito e o suspiro das ruas, tomadas em todo país no sábado (2), vêm dessa lacuna e tem um objetivo simples: a volta do sol para clarear o horizonte brasileiro.

    Esse renascimento da luz depende de muitos fatores, difíceis variáveis, e provavelmente não acontecerá tão cedo, mas algumas coincidências parecem raios de sol nas rachaduras dos muros.

    No mesmo dia em que esses protestos agitaram o cenário nacional, dois grandes nomes da história teriam feito aniversário, se ainda fossem vivos. Mahatma Gandhi e Groucho Marx. Ambos, com seus erros e acertos, deixaram frases marcantes que servem bem ao Brasil de hoje mergulhado nas trevas.

    Algumas delas combinam com o presidente, outras com sua política, e tanto o humor de um quanto a filosofia do outro se completam. A acidez e a doçura na medida certa.

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    Quando se olha para as ações em curso no Planalto, a definição de Groucho para a política soa perfeita: “É a arte de procurar problemas, encontrá-los em todos os lados, diagnosticá-los incorretamente e aplicar as piores soluções.”

    E a origem desses atos não é novidade para ninguém. Apesar disso, ainda tem muita gente que se diz enganada. Que achou que seria diferente. Que não imaginava tanta crueldade e inépcia. Para esses, outra frase do comediante cabe perfeitamente: “Ele pode parecer um idiota e falar como um idiota, mas não se engane, ele realmente é um idiota”.

    Estava na cara desde sempre.

    Gandhi, com menos deboche, diz algo parecido sobre líderes, e tem mais um conselho para os que ainda não entenderam isso ou fingem não entender: “Aquele que não é capaz de governar a si mesmo, não será capaz de governar os outros.”

    E não são as bravatas, as agressões ou a ode às armas que mudarão isso. O feijão sempre virá antes do fuzil.

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    Gandhi mudou o mundo vivendo na prática sua máxima de que “a paz é o caminho”, e deixou como legado uma lição simples: “O amor é a força mais sutil do mundo”. Entrou para a história como uma das figuras mais fortes do planeta e não à toa o 2 de outubro virou o dia internacional da não-violência.

    Enquanto isso, há líderes que vivem de atitudes grosseiras, vazias e espalhafatosas que nada dizem, só ofuscam. Para esses, a luz é danosa. Se fortalecem nas trevas e vão receber esse mesmo tratamento da história. Serão tratados como o alvo de mais uma frase de Groucho Marx: “Eu nunca esqueço um rosto, mas, no seu caso, vou abrir uma exceção”.

    Até chegar a hora de virar essa página, porém, ainda temos muitas sombras no caminho. A esperança é que as novas lutas e os novos gritos de esperança ganhem força e eco, para que tenhamos de novo um horário de verão simbólico, e que a luz do sol surja forte no fim do túnel.

    *Daniel Fraiha é jornalista e roteirista, Mestre em Criação e Produção de Conteúdos Digitais pela UFRJ e sócio da Projéteis – Criação e Roteiro

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