Brasil não importou dipirona contaminada da Venezuela
Boato que já havia circulado em agosto voltou a ser compartilhado no WhatsApp por meio de um áudio. Ministério da Saúde, Anvisa e laboratório desmentem
Passada a enxurrada de notícias falsas envolvendo as eleições de 2018, voltou a circular no WhatsApp uma fake news sobre saúde que já havia se espalhado por aí em agosto. A lorota alardeia que o Brasil importou da Venezuela dipirona contaminada pelo vírus Marburg, “considerado um dos mais perigosos do mundo e com alta taxa de mortalidade”.
O boato foi ressuscitado no aplicativo de mensagens por meio de um áudio, em que um sujeito simplesmente lê o conteúdo da lorota que já havia sido espalhada no mesmo “zap” há três meses. Ele fala sobre a dipirona “muito branca e brilhante” e pede que a mensagem seja compartilhada “antes que o governo tire esse aviso de circulação” – característica bastante comum em notícias falsas (veja abaixo).
A nova versão da lenda urbana, compartilhada em áudio, é ilustrada pelo medicamento Dipimed, fabricado pelo laboratório Medquímica (veja abaixo).
Quando o boato circulou pela primeira vez, em agosto, o Ministério da Saúde já havia publicado em seu site um desmentido da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre a fictícia dipirona venezuelana importada e contaminada.
Com a volta da notícia falsa ao WhatsApp, que envolve a imagem do Dipimed, o labotarório Medquímica divulgou um esclarecimento em que afirma que se trata de “um medicamento de origem totalmente nacional, registrado na ANVISA sob o nº 1.0917.0015 e comercializado no mercado há mais de 30 anos”.
De fato, é possível ver em uma consulta simples no portal da agência reguladora que o analgésico alvo da lorota é mesmo fabricado no Brasil e tem registro ativo até março de 2021 (veja abaixo).
Sobre a doença causada pelo vírus Marburg, trata-se de uma infecção que pode ser transmitida através do contato com sangue, secreções ou fluidos corporais de pessoas infectadas, ou, ainda, materiais contaminados, como roupas e roupas de cama. Os sintomas mais comuns são febre alta, dores de cabeça, abdominal e musculares, cãibras, diarreia, náuseas e vômito. Em casos mais graves, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a doença pode levar à morte em até nove dias após o início dos sintomas.
Conforme os dados mais recentes da OMS, já houve surtos ou casos isolados da doença em oito países (nenhum deles é a Venezuela ou o Brasil): Estados Unidos, Alemanha, Holanda, Sérvia, República Democrática do Congo, Uganda e África do Sul.
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