Voltou a circular no WhatsApp nesta semana uma corrente que atribui ao juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato em Curitiba, um discurso que prega o voto nulo como antídoto à eleição de políticos corruptos. Com a proximidade das eleições e o descontentamento do brasileiro com as Excelências, muitos têm passado o boato à frente sem checá-lo. Leia abaixo um trecho:
Para começo de conversa, Sergio Moro não deu essas declarações e nem tem espalhado correntes no WhatsApp para indicar a anulação massiva de votos como maneira de combater candidatos corruptos. Se o magistrado estivesse, realmente, dando “dicas” do gênero, não faltariam notícias sobre o assunto em veículos de imprensa confiáveis. Uma simples busca pelo tema na internet confirma que não há nenhuma reportagem sobre o tema.
Dito isso, é verdadeira a informação de que digitar “000” na urna eletrônica e apertar a tecla “Confirma” anula o voto do eleitor. A confirmação de voto em qualquer número que não corresponda a um candidato homologado pela Justiça Eleitoral gera, automaticamente, sua anulação.
A mentira está em outro trecho da extensa mensagem atribuída a Sergio Moro. Se a maioria dos votos for anulada, diz a lorota, uma nova eleição é convocada e os candidatos do pleito anterior não podem se candidatar novamente (veja imagem abaixo).
Isso não é verdade, absolutamente. Os votos nulos em uma eleição não são considerados entre os votos válidos, ou seja, não têm efeito nenhum sobre o resultado do pleito. É como se eles não existissem, simples assim.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) alerta: “é importante que o eleitor tenha consciência de que, votando nulo, não obterá nenhum efeito diferente da desconsideração de seu voto. Isso mesmo: os votos nulos e brancos não entram no cômputo dos votos, servindo, quando muito, para fins de estatística”.
Outro boato diz o contrário
Enquanto uns compartilham o boato do voto nulo orientado por Sergio Moro, outros preferem espalhar a versão de que ele deu declarações pedindo que os eleitores não anulem seus votos e deem preferência a candidatos sem experiência política. Assim como no caso desmentido acima, Moro não falou nada disso. A versão alternativa erra até mesmo a grafia do nome do magistrado. Ali ele é “Sérgio Mouro”:
Novamente: se o juiz federal tivesse dado declarações tão contundentes contra “bandidos de colarinhos brancos” e pedido que os brasileiros votassem apenas “em quem não tem mandato”, haveria reportagens sobre o assunto em inúmeros veículos de informação confiáveis. Não há nenhum registro da fala por um motivo singelo: ela não aconteceu.
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