“Vladmir Herzog? Aqui é Hilda Hilst. A gente não se conheceu, mas queria notícias suas, da sua morte. Seria deselegante perguntar se você foi assassinado ou se você se suicidou?” Na tentativa de contato com o jornalista Vladmir Herzog, assassinado pela ditadura militar, a escritora Hilda Hilst pronuncia o nome dela da maneira como quase ninguém o faz. Para muitos, ela é “Ilda Rilst”. Para outros, “Rilda Rilst” ou “Hilda Ilst”. Mas o jeito certo de pronunciar o nome é como a própria o faz, com o “H” sempre mundo.
“Clarice, está me ouvindo? Aqui é ‘Ilda Ilst'”, diz a escritora à amiga Clarice Lispector, que também tenta contatar no além em suas investidas sobre o outro mundo. Escritora prolífica e dedicada, embora pouquíssimo lida em vida, para seu grande desgosto, Hilda Hilst repetiu em casa experiências feitas por um físico norueguês que se valia de um rádio para captar vozes do outro mundo.
Os áudios em que Hilda investe sobre o pós-morte, na esperança de confirmar a eternidade que ela alcançaria anos depois de falecer, ao ser descoberta por uma nova geração de leitores e eleita a homenageada da 16ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), foram recuperados e digitalizados pela cineasta Gabriela Greeb, que os usou como base para o filme Hilda Hilst Pede Contato.
O longa, que estreia nos cinemas dia 2 de agosto, foi exibido ao público pela primeira vez na noite desta quinta-feira, dentro da programação da Flip, que começou na quarta e vai até domingo, em Paraty.