O escritor Ernest Hemingway vai virar personagem de outra figura de frente da literatura americana. O novo romance de William Kennedy, considerado um dos principais ficcionistas dos Estados Unidos do pós-guerra, terá como protagonista um repórter especializado na cobertura de levantes revolucionários, que é enviado a Cuba para acompanhar o movimento comandado por Fidel Castro em Sierra Maestra, no final da década de 1950 – e Cuba era quase uma segunda pátria para Hemingway, que figurará na obra.
Kennedy, que vem trabalhando há anos na história, sente que está perto do ponto final. “A criação é algo que eu não controlo. Já aconteceu de eu passar um mês inteiro e escrever uma única frase. Mas, na viagem de São Paulo a Paraty, para a Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), escrevi três páginas de uma só vez no meu caderno.”
É claro que essas páginas são uma primeira versão do que ainda serão: criterioso, Kennedy reescreve diversas vezes os seus textos. “Eu chego a ter dez versões de uma mesma página”, diz. “Também releio muito, é fundamental.” O escritor trabalha todos os dias, seja escrevendo, seja pesquisando – costume herdado da sua formação como jornalista. O expediente tem início após o café da manhã e, se não houver visitas ou outros compromissos, segue até dez horas da noite.
William Kennedy foi uma das atrações da Flip 2010, onde dividiu mesa com o irlandês – e também jornalista – Colum McCann. O escritor é famoso pelo chamado ciclo Albany, uma série de sete romances ambientados em sua cidade natal, incluindo Ironweed (Cosac Naify), pelo qual recebeu o Pulitzer, no início da década de 1980.
Nesta quarta-feira, Kennedy participa de um encontro, em São Paulo, com o cineasta Hector Babenco, que levou Ironweed ao cinema, com Jack Nicholson e Meryl Streep no elenco. O encontro acontece a partir das 19h30 na Livraria da Vila da Alameda Lorena, 1.371.