Ele foi até Dante Alighieri para buscar inspiração para o novo livro, o primeiro em quatro anos. Alguns podem comparar o movimento do americano Dan Brown ao executado pelo brasileiro Paulo Coelho ao flertar com — ou seria tentar associar seu nome a — o argentino Jorge Luis Borges em O Aleph. Afinal, ambos, diriam os críticos, se inspiraram em mestres indiscutíveis da arte de narrar e os fizeram se remexer na tumba. A fórmula pode ser questionável, mas vende. A aposta para Inferno, livro que a Arqueiro lança nesta segunda-feira no país, seis dias após o lançamento mundial do livro, é alta. O título sai no país com tiragem inicial de 500.000 exemplares.
Não é à toa. Com hits do mercado editorial como Ponto de Impacto e O Símbolo Perdido, sem falar em O Código Da Vinci e Anjos e Demônios, ambos vertidos para a tela do cinema por Ron Howard, Brown já vendeu mais de 150 milhões de exemplares em mais de 50 idiomas, 4,7 milhões no Brasil. É desses livros, aliás, que sai o simbologista Robert Langdon, protagonista de mais um enredo de história, arte e suspense. Aqui, Langdon desperta de um pesadelo com uma mulher de cabelos grisalhos em frente a um mar de moribundos. E se dá conta de que está em um hospital em Florença, aonde não sabe como foi parar. Ele não tem muito tempo para colocar as ideias no lugar, porque um atentado contra ele dentro do hospital o obriga a fugir — o que faz com a ajuda da médica Sienna Brooks.
Cabe a Sienna encontrar a peça que vai desencadear de vez o thriller de Inferno: um tudo de metal com o ícone de ameaça biológica na lateral, que estava no paletó do paciente. Langdon não se arrisca a abrir o tudo e procura o consulado dos Estados Unidos, quando então descobre o governo americano — o governo do seu próprio país — destacou alguém para persegui-lo e matá-lo. Para escapar com vida de mais um romance de Dan Brown, ele precisará desvendar códigos criados por alguém que tem obsessão pela Divina Comédia, de Dante – aí a conexão com o gênio italiano. Em tempo: a comparação tem o seu porquê, mas é fato que Brown tem mais conteúdo, por assim dizer, que Paulo Coelho. E não se preocupa em ser aceito entre os representantes a chamada grande literatura. Daí, talvez, seus livros serem mais divertidos.