A estreia da série Chernobyl provocou um inesperado aumento do turismo na cidade ucraniana onde os eventos retratados ocorreram – as reservas de hotéis no local chegaram a aumentar em 40%. A produção da HBO também é, atualmente, a série mais bem avaliada no Internet Movie Data Base (IMDb), a maior base de dados do cinema e da TV. Duas provas do sucesso alcançado pela produção. Uma terceira está na literatura: o livro As Vozes de Tchernóbil (Companhia das Letras), da vencedora do Nobel Svetlana Aleksiévitch, entrou na lista dos livros mais vendidos de VEJA, ocupando o 18º lugar na semana de 5 a 12 de junho.
A obra conta com relatos de sobreviventes à explosão do reator número 4 da usina nuclear de Chernobyl em 1986, tragédia que assolou a cidade de Pripyat, além de ter afetado outras localidades na Ucrânia e na Bielorrússia que eram, até então, parte da União Soviética. O livro serviu como inspiração para as tramas retratadas da série, como a avassaladora história da personagem Lyudmilla Ignatenko (Jessie Buckley).
“O que Svetlana Aleksiévitch fez aqui foi capturar um aspecto da história que raramente vemos, as histórias das pessoas que de outra maneira você nem saberia que existiram”, disse Craig Mazin, criador de Chernobyl, em entrevista à Vice. “Costumamos ver a história pelo ponto de vista dos grandes participantes, e ela mostrou a história através dos olhos dos seres humanos. Eles são iguais a ela: Sejam generais, líderes de partido ou gente comum, não importa. E achei isso maravilhoso. O livro realmente me inspirou.”
A autora bielorrussa foi premiada com o Nobel de Literatura em 2015, por sua “obra polifônica, um monumento do sofrimento e da coragem em nosso tempo”. Seu livro, que demorou dez anos para ser escrito, chegou a ser proibido na Bielorrússia, um dos países mais afetados pela tragédia.