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Mundialista

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Calma lá, Maduro: o mundo não vai largar hegemonia americana tão cedo

O déspota venezuelano já se entregou totalmente a China e Rússia e quer arrastar os outros, incluindo o Brasil, para o mesmo eixão do mal

Por Vilma Gryzinski 16 jan 2023, 07h11
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  • Com anel de esmeralda no dedo mindinho, Nicolás Maduro deixou mais um exemplo de discurso ridículo, como é próprio dos tiranetes latino-americanos.

    Referiu-se até à China e à Rússia como “irmãos mais velhos”, uma breguice constrangedora. Mencionou conversas com Lula, o colombiano Gustavo Petro e o argentino Alberto Fernández para “avançar na consolidação de uma nova geopolítica regional”. Também invocou a “pátria grande”, expressão que acende um sinal vermelho daqueles. Poucos negócios são tão ruins quanto associar-se a países falidos.

    Ditador corrupto falando em geopolítica e “na construção de novos polos de poderes” é um perigo – dá para ouvir o barulhinho da maquininha de cartão.

    Mas é fato de que os “irmãos” mencionados, além de outros países que têm cartas importantes no jogo geopolítico, como a Turquia e o Irã, gostariam de fazer um eixão do mal, uma espécie de frente não-democrática para se contrapor aos Estados Unidos.

    A China, obviamente, trabalha em tempo integral pela decadência da potência hegemônica e muitos sinais que emanam dos Estados Unidos parecem apontar para um inevitável declínio. Dentre estes, a transformação de partidos adversários em inimigos mortais, o endividamento que passa de 30 trilhões de dólares, a consolidação de dogmas políticos nas universidades e até no que parecia ser o mundo inexpugnável da ciência e a degeneração de áreas centrais de grandes cidades, tragadas pelas drogas e sua coorte de zumbis.

    Mas não é tão fácil assim. A pandemia, com a consequente queda no ritmo econômico provocada por sucessivos confinamentos, fez com que as previsões do sorpasso, o momento em que a produção de riquezas da China ultrapassaria a dos Estados Unidos, fosse empurrada para depois de 2035.

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    Problema: quanto mais demora, mais a vantagem demográfica da China diminui. O país mais populoso do mundo também tem a sociedade que mais envelhece – o produto contraditório da melhoria na qualidade de vida. Os muito pernósticos dizem que a curva de Lewis, quando o excedente de mão de obra rural que abastece a indústria nas cidades já foi ultrapassada. Em resumo, faltam chineses na China para manter o ritmo do crescimento econômico.

    A capacidade de recuperação da máquina econômica americana também tem dado exemplos impressionantes. “Todo mundo” acha que vai ter uma recessão, mas relativamente leve. Joe Biden se gabou, com razão, do mais baixo índice de desemprego em cinquenta anos, de 3,5%. A contrapartida é que o aquecido mercado de trabalho contribui para a inflação, mas os Estados Unidos desfrutam do “efeito porteira”: basta deixar entrar as massas provenientes de outros países e a mão de obra aparece magicamente – quase cinco milhões nos últimos dois anos.

    Fatores externos ajudam a potência de recursos fartos e alcance mundial. Reorientada rapidamente em função da guerra na Ucrânia e das sanções contra a Rússia, a indústria de produção e exportação de gás hoje fornece 30% do consumo da Europa e os navios metaneiros fazem fila para abastecer países que, pela expectativa do Kremlin, deveriam estar congelando e se ajoelhando, derrotados, no inverno. 

    Em compensação, grandes países europeus choramingam contra os quase 400 bilhões de dólares colocados por Biden para dar um empurrãozinho à indústria de transição energética. Sem contar a dinheirama para fábricas de semicondutores, os minúsculos chips que movem o mundo eletrônico. Ver os franceses, um dos países mais protecionistas do mundo, reclamar do protecionismo americano tem até um aspecto algo cômico.

    Os sucessivos pacotes de ajuda à Ucrânia também engordam a lista de pedidos da indústria bélica americana, rebatizada há muito tempo de indústria de defesa. Não tem ninguém triste nessa área com a corrida para repor o material enviado para os ucranianos.

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    A perspectiva de que o dólar deixe de ser a moeda de referência mundial tem alimentado os sonhos dos antiamericanos militantes, com um excesso de viés otimista.

    Onde está todo o dinheiro da China? O que implicaria mudar de moeda?

    O império vermelho tem planos muito bem estabelecidos para alcançar esta meta, mas obviamente não vai fazer nada que prejudique a si mesmo.

    O “irmão mais velho” ainda tem muito chão pela frente para sobrepujar o Big Brother americano e o Brasil deve seguir um bem pensado caminho de defesa pragmática e responsável dos próprios interesses, sem virar a chave ideológica e correr para o abraço com Maduro, como está programado.

    Considerar os americanos um império decadente e declinante obscurece o juízo e ignora a frase de Bismarck, o gênio político prussiano da diplomacia, de que a providência divina protege “os tolos, os bêbados e os Estados Unidos da América”.

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    E provavelmente reserva um lugar bem ruim para déspotas de anel no mindinho.

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