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E se Trump estiver certo ao dizer que foi vítima da campanha de Hillary?

A cautelosa investigação sobre a acusação contra o ex-presidente de ter um canal secreto com a Rússia avança e envolve atual assessor de Segurança Nacional

Por Vilma Gryzinski 17 fev 2022, 06h55
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  • Secretary Psaki Gives Daily Briefing With National Security Advisor Sullivan
    Bom moço: a segurança nacional dos Estados Unidos está nas mãos de Sullivan, mas pequenos detalhes do passado atrapalham - (Chip Somodevilla/Getty Images)

    A Rússia tem Sergei Lavrov, o atilado, implacável e brutal ministro das Relações Exteriores. Os Estados Unidos têm dois pesos ligeiros, o secretário de Estado Antony Blinken e o assessor de Segurança Nacional Jake Sullivan.

    Enquanto Blinken opera nos bastidores da diplomacia, a crise da Ucrânia trouxe Sullivan para a frente das câmeras. Coube a ele ser o porta-voz da estratégia do governo Biden – alardear incessantemente que uma invasão russa aconteceria a qualquer momento. Durante vários dias, esteve em todas as televisões anunciando a iminência da intervenção.

    Simultaneamente, outra “crise russa” se desenrola. Como só acontece nas democracias com um sistema de freios e contrapesos, Sullivan, que assumiu o cargo de enorme responsabilidade aos 43 anos, também está sendo envolvido na investigação que apura se houve ilicitudes na campanha para acusar Donald Trump de ter conspirado com a inteligência russa para sabotar a candidatura de Hillary Clinton.

    Como nas boas histórias de suspense, a investigação a cargo de um jurista especial, John Durham, que trabalha em silêncio profundo, tem dado pistas exatamente da versão contrária: foi a campanha da candidata democrata que recorreu a truques sujos.

    O mais suspeito de todos: uma empresa de informática recebeu a incumbência de um advogado ligado a Hillary para se infiltrar nos servidores da Trump Tower e, mais inacreditavelmente ainda, da própria Casa Branca.

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    Por enquanto, são inferências tiradas a partir dos cautelosos movimentos de Durham. Até agora, o investigador oficial só apresentou queixa contra o advogado Michael Sussmann, confirmada por um juizado de instrução no fim do ano passado, por mentir em depoimento ao FBI. A documentação sobre a aparente infiltração é um documento separado e não cita nomes.

    Mas rapidamente foi recuperada uma declaração feita por Sullivan em 2016, quando participava da campanha de Hillary. O trecho mais complicado dizia que “cientistas de computação aparentemente descobriram um servidor secreto ligando a Organização Trump a um banco sediado na Rússia”.

    “Esta linha secreta pode ser a chave que desvenda o mistérios das ligações de Trump com a Rússia”.

    A declaração à imprensa agora tem o potencial de sabotar a carreira de Sullivan – exatamente num momento crucial de confronto com a Rússia.

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    Obviamente, políticos republicanos estão tentando tirar o máximo possível do caso.

    “Jake Sullivan insuflou a farsa da Rússia. Ele sabia que era mentira. Agora, ele trabalha na Casa Branca de Biden”, tuitou o deputado republicano Jim Jordan.

    A senadora Marsha Blackburn avançou mais: “O envolvimento de Jake Sullivan na farsa da conspiração com a Rússia não deveria permitir que fale em nome dos Estados Unidos no momento em que as tensões da Rússia com a Ucrânia disparam”.

    No habitual estilo deixa que eu chuto, o próprio Trump disse que espionar a Casa Branca “em outros tempos daria pena de morte”.

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    A narrativa de uma ligação espúria de Trump com Moscou começou a ser construída antes mesmo que ele tomasse posse, com a divulgação do infame dossiê segundo o qual a inteligência russa tinha fatos comprometedores sobre o presidenciável, incluindo a cena em que teria compartilhado uma cama de hotel com duas prostitutas contratadas para praticar o fetiche sexual conhecido como “chuva de ouro”. Quem não sabia, descobriu o que é isso.

    Trump tomou posse sob a acusação de gravidade sem precedente: seria ele um agente, voluntário ou não, a serviço de Vladimir Putin? Figuras do establishment e os maiores órgãos de imprensa, jornais como o New York Times e o Washington Post, promoveram essa narrativa, que acabou redundando no primeiro processo de impeachment contra ele.

    O dossiê acabou sendo desacreditado e Trump arrancou do Departamento da Justiça a investigação comandada por John Durham, cujos resultados iniciais começam a aparecer agora. Ainda há muito pela frente.

    Sullivan foi um precoce assessor de Hillary, com currículo de garoto prodígio, quando ela ocupou o Departamento de Estado, no governo Obama. Orgulha-se de ter acompanhado a ministra em suas 122 viagens internacionais – um número impressionante, embora os resultados concretos não tenham sido exatamente notáveis.

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    Daí foi para a equipe de Joe Biden, então vice-presidente, depois passou para a campanha presidencial fracassada de Hillary e agora ressurgiu como o assessor de Segurança Nacional de Biden. Com expressão confiável e habilidade de advogado formado em Yale, ele passa uma imagem de credibilidade, apesar de não ter a gravitas associada ao cargo.

    E se for tudo apenas imagem? Ou comprovado que Sullivan participou de um jogo mais do que sujo, ilegal, para sabotar Trump? E o presidente que tinha o perfil perfeito para ser o vilão na verdade tiver sido vítima?

    As contranarrativas ainda estão sendo construídas. Vão avançar mais quando o enorme ruído gerado pela ameaça bélica da Rússia à Ucrânia baixar o volume.

    Também criam uma complicação extra para a hipótese, que vive indo e voltando, de uma possível candidatura de Hillary Clinton em 2024, caso Biden entre em parafuso. 

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    Espírito de campanha ela já tem. 

    “Trump e a Fox estão alimentando desesperadamente um falso escândalo para distrair as atenções”, tuitou ela, depois de quatro dias de silêncio sobre o caso. 

    “Quanto mais os malfeitos dele são expostos, mais mentem”.

    Uma frase que pode ser associada a mais de um político.

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