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Em recessão, Japão perde terceiro lugar entre grandes economias mundiais

Mas a Alemanha, que tomou o posto, também está sofrendo da mesma doença dos países avançados; só os Estados Unidos escapam

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 9 Maio 2024, 10h19 - Publicado em 16 fev 2024, 07h33

A economia japonesa sempre foi um prodígio, famosamente fazendo “tanto com tão pouco” que virou até um capítulo específico da história econômica, a antítese de países de recursos naturais privilegiados como a Argentina, que faz “tão pouco com tanto”.

Mas até os grandes vacilam. Apesar do crescimento nominal de 1,9% no ano passado, o Japão passou de terceiro para o quarto lugar na lista dos grandes (4,2 trilhões de dólares de PIB, contra 4,5 trilhões da Alemanha). E os dois trimestres seguidos de encolhimento já se enquadram na categoria recessão.

Em 2011, o país já tinha sido ultrapassado pela China do tempo do crescimento econômico exuberante. Também havia entrado no ritmo de estagnação, um complexo caso com causas multifatoriais que tem até nome específico, a doença japonesa.

No fim dos anos oitenta, choveram teses nos Estados Unidos sobre a “ameaça” japonesa: tecnologia, disciplina, incomparável dedicação ao trabalho, instituições confiáveis e até a compra de um lugar icônico como o Rockefeller Center (foi vendido depois, com prejuízo) criavam a ideia de um competidor invencível – uma versão menos agressiva da competição chinesa. Hoje, esses tempos parecem coisa de ficção.

A Alemanha assumiu o posto de terceira economia mundial, mas está em recessão, com encolhimento econômico de 0,3% no ano passado. E poucas perspectivas de sair dessa situação nos próximos dois anos. O aumento dos preços das fontes energéticas, produto da invasão da Ucrânia, e a crescente competitividade chinesa, com a consequente redução das exportações alemãs, estão entre os agentes negativos.

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REMÉDIO AMARGO

Quem também entrou para o indesejável “clube da recessão” foi o Reino Unido, com queda de crescimento de 0,3% no trimestre passado. Ao todo, o PIB cresceu 0,1% em 2023.

O detalhe é que o governo britânico e a economia são administrados por “nomes do mercado”. O primeiro-ministro Rishi Sunak fez fortuna no mercado financeiro. Agir como um CEO que recupera uma empresa enrolada seria sua maior vantagem, considerando-se que não é um político convencional, com capacidade de apelo zero e carisma idem.

É claro que a doença da estagnação tem um preço político. As projeções são de que o Partido Trabalhista dê uma surra memorável nos conservadores. E ainda se beneficiem da casa em ordem, via o amargo remédio de impostos e taxas de juros altos para reduzir a inflação, com meta de 2%, que será deixada por eles.

Em compensação, o país que mais cresce no mundo (entre as economias que contam), a Índia, deve ver uma consagração nas urnas do primeiro-ministro Narendra Modi.

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O que nos leva aos Estados Unidos e à pergunta inevitável: por que Joe Biden vai mal, enquanto a economia vai bem, com 2,6% de crescimento econômico, desemprego em queda, produção de gás e petróleo bombando e desmentido categórico às previsões quase unânimes de que o país entraria em recessão?

Entram aí o fator idade e a impressão generalizada de que o presidente americano tem problemas de foco e memória. Economia não é tudo e a percepção de um líder enfraquecido tem um peso forte.

Quem esperaria uma economia exuberante nos Estados Unidos e uma China tão cheia de problemas que até tem um termo específico para isso? A palavra é japonização. Ainda está longe de chegar lá, mas o ano do dragão pode ficar mais para ano do caranguejo.

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