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Por que alguns países fracassam

É uma questão eterna, mas pesa mais a forma de organização social

Por Vilma Gryzinski 23 nov 2025, 08h00 •
  • Por que Singapura, Suécia, Austrália e Canadá dão certo e Haiti, Venezuela e Sudão dão errado? Para começar, as sociedades têm que concordar sobre os pilares principais, o que é fundamental para todos, independentemente de partidos. Pode ser uma concordância gerada por instituições desenvolvidas ao longo de séculos, frequentemente em territórios de alta homogeneidade étnica como a Suécia, pode ser um “livro” de princípios, como a Constituição dos Estados Unidos, documento feito por gênios para ser à prova de idiotas — e estes não faltaram na história americana.

    Na Austrália ou no Canadá, os colonizadores queriam ficar mais distantes do regime monárquico centralizado e viver sob menos regras regendo relações de classes e ascensão social, mas também aproveitaram o que já tinha de bom no sistema original. Um dos indicadores mais simples de sociedades saudáveis é se você atravessa a rua na faixa quando o sinal fica verde para o pedestre sem nem olhar se os carros pararam; é uma prova de que está num país bem-sucedido, democrática e economicamente. O avanço é maior se atravessar na faixa sem sinal e sem precisar fazer gestos frenéticos com os braços. Se nenhuma rua tem sinal nem faixa e talvez nem asfalto, você está em um lugar encrencado, tipo Haiti. Se o governo louvar o sistema socialista de sinalização, mas ele inexiste, está na Venezuela. Se tiver medo de atravessar a rua e levar uma bala aleatória, está no pior dos mundos, seja o Sudão, seja o Alemão. E se for multado em até 200 reais por atravessar fora da faixa, está em Singapura, um país onde tudo funciona maravilhosamente, mas a mão do Estado é pesada, com multas para quem não puxar a descarga depois de usar um banheiro público e punições que chegam a surra de varas para quem vandalizar patrimônio público com pichações.

    “Se nenhuma rua tem sinal nem faixa e talvez nem asfalto, você está em um lugar encrencado”

    O cientista social e Nobel de Economia James Robinson, conhecido pelo livro Por Que as Nações Fracassam, criou um termo para designar a eterna tensão entre sociedade e Estado: o corredor estreito. Ele define sucesso como países que conseguem gerar alto padrão de vida para sua população e fracasso como os lugares onde há pobreza e privação em massa. Simples, sem luta de classes ou exploração colonial, como no pensamento influenciado pelo marxismo, nem um conjunto de riquezas de alto peso geopolítico, como em Armas, Germes e Aço, a obra conhecidíssima de seu colega Jared Diamond. “Um país bem-sucedido depende de como o povo organiza a sociedade e as regras que criam diferentes padrões de incentivos e oportunidades”, diz Robinson.

    E por que um país pode ter crescimento alto e liberdade baixa, como a China? A liberdade “depende do equilíbrio entre o poder do Estado e o poder ou a organização da sociedade”. O Estado — qualquer um que seja — gostaria de ter todo o poder que conseguir agarrar, sem controles da sociedade, e esta não pode pender para o oposto, organizando-se em feudos individualizados e autoprotetores. Nesse corredor estreito, florescem os países bem-sucedidos. Em suma, podermos atravessar a rua no sinal verde para pedestres sem medo de ser atropelados ou levar bala randômica, termos tratamento igual perante a lei e garantias de que os seus representantes não cometerão abusos, liberdade de iniciativa e líderes políticos obrigados a prestar contas que não criem um Estado inflado para roubar mais, o que Robinson chama de “leviatã despótico”. Se nós mesmos não fizermos, ninguém fará por nós.

    Publicado em VEJA de 21 de novembro de 2025, edição nº 2971

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