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Trump e Biden estão enrolados e eleitores americanos querem opções

Um condenado numa ação cível envolvendo agressão sexual, outro no fundo do poço e com o risco de tropeçar nas encrencas do filho

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 2 ago 2023, 18h56 - Publicado em 11 Maio 2023, 07h27
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  • A protester holds up signs moments before writer E. Jean Carroll leaves a Manhattan court house after a jury found former President Donald Trump liable for sexually abusing her in a Manhattan department store in the 1990's
    Teflon: protesto contra Trump em tribunal tem zero efeito sobre seu prestígio entre simpatizantes fiéis (Spencer Platt/Getty Images)

    Imaginem o que passa na cabeça de eleitores americanos que olham para o panorama a sua frente no ano que vem e detestam as duas opções: Joe Biden e Donald Trump.

    Bem, alguns brasileiros entendem perfeitamente o sentimento.

    Por cima de tudo, tem o agravante da idade: Biden com 80 anos e Trump, embora aparentemente mais vigoroso, com 76, não transmitem uma imagem de renovação, tão necessária num momento em que vários fatores convergem para resvalar na hegemonia americana.

    Entre esses fatores, a situação de pura e simples fronteira aberta, a entrada em massa de clandestinos que não têm mais repressão alguma — foram 55 mil pessoas na semana passada. Os Estados Unidos são um país feito por imigrantes, como o Brasil, e têm até empregos sobrando, mas a sensação de descontrole é inevitável. 

    É também um dos motivos para o índice de aprovação de 36% para Joe Biden, segundo uma pesquisa ABC News/Washington Post, um poço tão fundo que talvez abale a estratégia eleitoral usada no momento, uma repetição da de 2026, quando a pretexto da pandemia o candidato ficou literalmente escondido no porão de sua casa. Agora, como presidente, todos os compromissos de Biden são extremamente controlados e até as raras perguntas da imprensa são confinadas a diálogos acertados com antecedência — um arranjo que, vergonhosamente, repórteres de órgãos importantes aceitam.

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    Sem grandes resultados.

    “Tem ele a acuidade mental necessária para efetivamente funcionar como presidente?”, dizia uma das perguntas da última pesquisa. Respostas: 32% disseram que sim e 63%, que não; dos quais, 94% dos republicanos, 69% dos independentes e 21% dos democratas. O que mais interessa aqui são os independentes. Os democratas muito fiéis sempre votarão em Biden, no final, mesmo desejando que houvesse um candidato menos idoso e mais dinâmico.

    Um sinal disso pode ser lido nos 19% de preferências, entre eleitores do partido, para um candidato estranho como Robert Kennedy Jr.

    Ele é um dos mais conhecidos defensores de teorias conspiratórias, inclusive sobre o assassinato de seu pai e de seu tio, o presidente John Kennedy. Recentemente, disse ter “certeza” de que a CIA estava por trás da morte do presidente, que pretendia “explodir em mil pedaços” a agência de espionagem depois do fiasco da invasão da Baía dos Porcos, quando invasores anticastristas foram cruelmente abandonados à própria sorte. Ele também acha que Sirhan Bishara Sirhan, o palestino que atirou em seu pai na cozinha do Ambassador Hotel de Los Angeles, em 1968, não agiu sozinho, embora testemunhas, fotografias e outras evidências jamais tenham apontado isso.

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    Bobby Kennedy é um dos maiores propagadores de teorias sobre a malignidade de vacinas em geral, tendo se tornado um dos mais extremados adversários da vacinação contra a Covid.

    Note-se que ele é do mais famoso clã democrata e liberal da histórica americana, enquanto os defensores dessa posição são em geral considerados brucutus de direita, tachados de negacionistas e jogados na vala do trumpismo — não obstante o ex-presidente ter apoiado com quantidades enormes de dinheiro a corrida pela vacinação.

    O próprio Trump, que aparece com uma pequena vantagem, de menos de 1%, sobre Biden na média das pesquisas do RCP, está enroladíssimo na sequência de processos, alguns obviamente afetados pela politização da justiça, outros mais complicados.

    Em qual categoria se inclui a condenação, num processo de difamação movido por uma colunista que diz ter sido estuprada por ele em 1996?

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    O júri concluiu que ele praticou agressão sexual, embora a história contada por E. Jean Carroll tenha aspectos profundamente discutíveis. Segundo diz: cruzou com Trump, a quem conhecia de passagem, na superchique Bergdorfs de Manhattan, ele perguntou se poderia ajudá-lo a escolher um presente feminino. Acabaram na seção de lingerie, Trump pegou um body transparente e sugeriu que ela o experimentasse. “Experimente você”, respondeu, segundo disse numa bizarra entrevista de 2019 a Anderson Cooper. Achando “hilária” a ideia de fazer Trump colocar a lingerie “sobre o terno”, ela o acompanhou até um provador, onde tudo aconteceu, acusa, com penetração primeiro com dedos e depois com pênis.

    A falta de lógica é espantosa, a começar pela ideia de que um homem alto, corpulento e dominante fosse vestir um body feminino sobre a roupa. Só perde para outro comentário que ela fez, tão insano que deixou Cooper sem palavras: “A maioria das pessoas acha que estupro é sexy”. Como assim? “Pense nas fantasias a respeito”.

    Nada disso apareceu no julgamento — e nem invalida a conclusão do júri, que recusou a acusação de estupro e admitiu a de agressão sexual e difamação. Perante a justiça, vale o que é apresentado pelas partes. Trump sendo Trump voltou a falar de Carroll em termos nada polidos no inacreditável programa da CNN em formato de Townhall — com perguntas do público — no qual mostrou que continua a ser um perigo para os adversários e a arrancar aplausos entusiasmados dos simpatizantes.

    Carroll, que elevou a um novo nível o conceito de “julgamento chique”, com roupas caríssimas e elegantes, além de demonstrar que nova-iorquinas ricas não engordam nem envelhecem, ganhou cinco milhões de dólares de indenização.

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    Os trumpistas mais fiéis vão achar que tudo faz parte do plano maligno para impedir que ele seja candidato. A seu favor, têm o fato de que realmente houve vastos arranjos feitos por pilares do establishment, inclusive a grande mídia, para barrar Trump. 

    Um deles está sendo dissecado na Câmara, onde os republicanos agora são maioria. Aos poucos, vai sendo escavada uma das histórias mais impressionantes, a da carta aberta assinada por 51 altos funcionários, da ativa ou aposentados, dos serviços de inteligência, garantindo que as informações encontradas num laptop abandonado de Hunter Biden faziam parte de uma campanha de desinformação da Rússia.

    As informações estão sendo paulatinamente confirmadas, da mesma forma que uma potencial articulação, criminosa, feita por integrantes ativos da CIA e até pelo atual secretário de Estado, Antony Blinken.

    O laptop de Hunter Biden, com detalhes sobre os negócios incrivelmente favoráveis que ele fazia enquanto seu pai era vice-presidente, é como um reator nuclear: não apaga nunca. Nem a cúpula de concreto tramada por figuras de destaque, para favorecer Joe Biden em 2020, consegue isolá-lo.

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    E ainda tem muita coisa a ser revelada, inclusive os tortuosos caminhos que levaram nove membros da família Biden a receber, indiretamente, depósitos feitos por entidades com conexão com a China.

    Ter um candidato condenado por agressão sexual e outro com o cheiro de corrupção chegando cada vez mais perto é lamentável para os Estados Unidos e para o próprio modelo de democracia do qual o país sempre foi o paradigma. 

    Até um sistema feito por gênios — os fundadores da pátria — à prova de idiotas pode sofrer desgastes irrecuperáveis?

    É isso que está em jogo. E não é pouca coisa, especialmente considerando-se qual o modelo alternativo.

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