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William: pai com câncer, mulher com doença secreta, irmão rompido

A enfermidade do rei e o momento delicado em que acontece podem ser, estranhamente, uma oportunidade para reforçar a monarquia

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 9 Maio 2024, 10h36 - Publicado em 7 fev 2024, 06h25

Esse é o caminho inexorável de todos os sistemas hereditários: se o titular vai mal, as atenções se voltam para o herdeiro. Com o detalhe de que William é o integrante da família real com maior popularidade, com 62%, seguido de perto pela mulher, Kate, com 61%.

Em termos puramente objetivos, a doença do rei Charles favorece a continuidade da monarquia, um regime anacrônico e até absurdo no mundo atual, mas que funciona para os britânicos – sem contar outros países desenvolvidos, como Suécia, Noruega, Dinamarca, Espanha, Bélgica e Japão.

A aprovação da opinião pública, somada ao desejo de não mexer no que não está quebrado, principalmente quando a instituição está tão intimamente à identidade nacional, é a viga mestra sobre a qual se apoia a sobrevivência do sistema.

E embora todos os meios de comunicação, inclusive os republicanos, cubram o rei de elogios, ele não é exatamente um prodígio de popularidade. Segundo a pesquisa mais recente, 51% acham que Charles está se saindo bem como rei. Só 9% acham o oposto (os outros não têm opinião). A maioria dos presidentes eleitos gostaria de ter uma aprovação como a do rei, mas a realidade é que ela se apoia principalmente na população mais velha.

Para os jovens, o rei de 75 anos e a monarquia em geral não são o futuro. Na faixa dos 18 aos 24 anos, apenas 37% são a favor do sistema.

DEUSES DO ACASO

É aí que entram William e Kate, com um casamento sólido e tradicional e, ao mesmo tempo, o apelo às camadas que se comunicam por redes sociais. Entra aí também o imponderável: qual doença exigiria uma convalescença de três meses depois da “cirurgia abdominal” que deixou a princesa hospitalizada durante treze dias?

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Como os deuses do acaso parecem estar brincando de desorientar os ingleses, as cirurgias de Kate e a de seu sogro, para hiperplasia de próstata, foram anunciadas com uma hora e meia de diferença, no último dia 17.

Os dois ficaram internados no mesmo hospital, a London Clinic, e receberam alta no mesmo dia, com Kate saindo sigilosamente e Charles tentando parecer animado e normal. É possível que já soubesse da suspeita de câncer, localizado, em área diferente da próstata, durante a intervenção. Isso faz com que algumas especulações mencionem a bexiga.

É possível o rei estar com câncer e não dizer onde e qual o tipo de tratamento está fazendo?

Quando a misteriosa doença de Kate foi anunciada, muita gente achou que os fatos logo seriam descobertos – e publicados – pelos incontroláveis tabloides ingleses. Mas o sigilo está sendo mantido, contra todas as expectativas.

RODA DA SUCESSÃO

A viagem de Harry, o filho quase rompido que largou a família real e foi morar e ganhar dinheiro na Califórnia, aumentou as especulações. Iria o príncipe falastrão se reaproximar do pai se a situação não fosse realmente grave?

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A visita apressada de Harry, que passou míseros 45 minutos com o pai, acrescenta uma pressão a mais sobre o herdeiro: a de que se reconcilie proximamente com o irmão, a quem não perdoa por revelações que considera mentirosas e ofensivas sobre ele e a mulher.

Caso venha a se tornar regente, na hipótese do agravamento da doença do pai, ou monarca antes do previsto, William estará pressionado a demonstrar magnanimidade, uma qualidade tão evidente em sua avó, Elizabeth, mas que parece incompatível com seu temperamento forte e o ressentimento profundo pelo irmão.

Mesmo que a roda da sucessão não seja antecipada, William passará a ter novos deveres. Aos 41 anos, está numa boa idade: nem tão novo como a avó, que se tornou rainha com apenas 25 anos quando o pai morreu com um câncer de pulmão descrito na época como “anomalias estruturais”, nem tão velho como Charles, que só se tornou rei aos 73 anos.

O atual rei da Espanha, Felipe, tinha 45 anos quando se tornou rei. Wilhem-Alexander, da Holanda, 46. O mais recente foi Frederik, da Dinamarca, com 55. Todos através da abdicação dos titulares.

Depois de esperar tanto tempo, Charles muito provavelmente não tinha a menor intenção de abdicar e talvez contemplasse até uns vinte anos de reinado, contando com a mesma longevidade da mãe. Mas a vida pode ter tido outras ideias.

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