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Mundo Agro

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De alimentos a energia renovável, análises sobre o agronegócio

Conheça o grande potencial do biogás e do biometano no agro

A circularidade do agro brasileiro favorece a produção dessas bioenergias

Por Marcos Fava Neves
Atualizado em 14 jun 2024, 20h58 - Publicado em 14 jun 2024, 08h12

O biogás e o biometano, produtos fabricados por meio de um processo rentável que possibilita a gestão sustentável de resíduos e a produção de energia renovável, estão se tornando cada vez mais relevantes no agronegócio. Além de reduzir a dependência de combustíveis fósseis, a produção de biogás e biometano contribui para a redução das emissões de gases de efeito estufa e promove a economia circular no agro.

Como essas cadeias funcionam?

O biogás é uma mistura gasosa resultante da decomposição anaeróbica de matéria orgânica, utilizado como fonte de energia renovável, podendo ser queimado para gerar eletricidade e calor, ou convertido em combustível para veículos (biometano). Outro ponto da aplicação é na fabricação de fertilizante amônia/ureia verde à partir do biometano, com custo mais competitivo.

No Brasil, as matérias primas mais comuns para produção do biogás incluem resíduos do agro como casca e palha de culturas como cana, milho, trigo e outros. Na produção animal, praticamente todas têm potencial de contribuir para produção de biogás por meio de seus dejetos (esterco e urina), desde bovinocultura até a produção de peixes.

Em número de unidades produtoras, o Brasil já ocupa a quinta posição global, atrás da Alemanha, Estados Unidos, Itália e França. Apesar de possuírem uma longa história na produção de biogás e um número elevado de usinas, a China e a Índia apresentam unidades de produção caseiras, principalmente em áreas rurais. Essas usinas utilizam, principalmente, esterco animal, resíduos de colheitas e restos de alimentos; e geralmente são utilizados para cozinhar e iluminação residencial. No Brasil, a produção é realizada em grande escala, com foco principal em geração de energia e transformação em biometano.

Nos últimos 20 anos, já foram construídas 936 usinas de biogás no Brasil, segundo a CIBiogás (2023). Dessas, 885 encontravam-se em operação no ano passado, apresentando um potencial de produção estimado em 2,89 bilhões de m³ por ano. A imensa maioria é para geração de energia elétrica, apenas 8 para biometano. Dentre as regiões, o Sul e o Sudeste concentram a maior parte das unidades, com destaque para Minas Gerais (274), Paraná (198) e Santa Catarina (82).

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Com potencial de reduzir em até 95% das emissões como combustível renovável, o biometano, por sua vez, é o resultado da purificação do biogás. Nesse processo, são retirados componentes indesejados para obter um gás com alta concentração de metano. Com essa composição, ele torna-se um biocombustível capaz de substituir o gás natural de transporte (GNV) para veículos pesados, mas também possui aplicações na indústria, residências e produção de fertilizantes nitrogenados para a agricultura.

Assim como no biogás, a Alemanha lidera a produção de biometano em número de unidades. São mais de 200 usinas no país europeu, enquanto, no Brasil, apenas 6 estavam em operação em 2022, segundo dados da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). Atrás da Alemanha encontram-se Estados Unidos, França, Reino Unido, Suécia e Itália. Observa-se, na produção de biogás e biometano, uma predominância de países europeus, devido ao estímulo da produção via políticas públicas, na intenção de substituir o gás natural e o petróleo, ainda predominante.

No Brasil, a primeira planta de biometano foi inaugurada em 2017, em Foz do Iguaçu. As 6 plantas autorizadas para produzir biometano no país somam uma capacidade de 450 mil m³ de diariamente. A Abiogás (associação do setor) projeta que, até o final desta década, o Brasil pode se tornar um líder mundial na produção de biometano, devendo contar com cerca de 90 fábricas funcionando e produzindo cerca de 6 milhões de m³ diários.

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A variedade de matérias-primas disponíveis no Brasil e as políticas de incentivo às energias renováveis tornam o futuro do biogás e do biometano promissor. Existe grande possibilidade de uma regulamentação na linha da sustentabilidade colocar uma mistura obrigatória de 1 a 10% de biometano no gás natural até 2026.

Salto na produção

Estima-se que a produção de biogás até 2030 deve saltar de 2,8 para 11,0 bilhões de m³. Entretanto, o potencial de geração de biogás no Brasil pode chegar a 44,1 bilhões de metros cúbicos (m3) ou 19,5 gigawatts (GW), o que seria suficiente para atender 10,5% da atual capacidade instalada de eletricidade. No biometano, estima-se que o mercado possa alcançar US$ 15 bilhões até 2040, 50% da demanda nacional de gás natural.

Caminhões, tratores e colheitadeiras, entre outras máquinas em fazendas, granjas, usinas de cana, entre outras operações nos rincões do Brasil rodarão com biometano de geração própria, reduzindo o uso do diesel, a necessidade de importação e do transporte em longas distâncias deste combustível não renovável, interiorizando a geração de energia e desenvolvimento e promovendo um futuro promissor e sustentável, vindo, também, do agro!

Marcos Fava Neves é professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP (Ribeirão Preto – SP) da FGV (São Paulo – SP) e fundador da Harven Agribusiness School (Ribeirão Preto – SP). É especialista em Planejamento Estratégico do Agronegócio. Confira textos e outros materiais em harvenschool.com e veja os vídeos no Youtube (Marcos Fava Neves). Agradecimentos a Vinicius Cambaúva e Rafael Rosalino.

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