Promoção do Ano: VEJA por apenas 4,00/mês

Murillo de Aragão

Por Murillo de Aragão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Continua após publicidade

A disfunção do sistema político

A crise institucional é recorrente em nossa história republicana

Por Murillo de Aragão 8 set 2024, 08h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Prédio Supremo Tribunal Federal
    Praça dos Três Poderes (Marcos Corrêa/PR/Divulgação)

    Desde a proclamação da República, o Brasil tem vivido uma sequência de desequilíbrios institucionais que revelam a disfuncionalidade crônica do sistema político. Embora frequentemente se trate a crise entre as instituições como algo novo, ela é, na verdade, um fenômeno recorrente em nossa história. Esse padrão manifesta-se em eventos que vão desde tentativas de golpes militares e revoluções frustradas até episódios mais dramáticos, como o suicídio de um presidente e a deposição de outros dois.

    Além disso, os dois impeachments que marcaram a história política recente do país são apenas mais uma peça em um quebra-cabeça institucional caracterizado por instabilidade e incerteza. O Brasil também passou por longos períodos sob o comando militar, com oito presidentes oriundos das Forças Armadas, o que, por si só, já evidencia a fragilidade do sistema democrático. O tempo médio de um presidente brasileiro no poder é de pouco mais de três anos, refletindo a frequente interrupção dos mandatos. Como bem observou Michel Temer, vivemos períodos em que havia presidentes, mas não um verdadeiro presidencialismo, pois as eleições foram suprimidas ou manipuladas, comprometendo o processo democrático e a representatividade popular.

    “Sem fortalecer as instituições, o caminho se torna trágico para o desenvolvimento político do país”

    Outro aspecto crítico desse cenário é o funcionamento do sistema de freios e contrapesos, que deveria garantir a autonomia dos poderes para que um controle o outro e evite abusos. Entretanto, durante os períodos de exceção, como a ditadura de Getúlio Vargas e o regime militar entre 1964 e 1985, esse sistema foi desmantelado, permitindo que o Executivo acumulasse poderes excessivos e anulando a capacidade dos outros poderes de atuar como contrapesos eficazes. Esses desequilíbrios institucionais fazem parte da nossa história, moldando um sistema político que ainda enfrenta desafios significativos. Os episódios recentes envolvendo o Orçamento são um exemplo claro dessa dinâmica, assim como o recurso frequente ao Judiciário para decidir questões de natureza política. Soma-se a isso a relutância em aceitar o protagonismo do Legislativo, como casa do povo e do federalismo, na definição das leis que governam o país. Contudo, o desprestígio das lideranças tem levado, junto ao povo, à desvalorização das instituições. E sem o fortalecimento dessas instituições, o caminho se torna trágico para o desenvolvimento político do país.

    Continua após a publicidade

    Infelizmente, a guerra fria entre as instituições irá prosseguir. Diante desse cenário, a ausência de diálogo entre os poderes é alarmante. Sem uma comunicação efetiva e a contenção das disputas, é impossível alcançar a tranquilidade institucional necessária para o bom funcionamento da democracia. A instabilidade que observamos hoje é reflexo tanto das questões estruturais e históricas que têm marcado a trajetória política do Brasil quanto das disputas conjunturais que se intensificam. Se o país não encontrar um caminho para restabelecer o equilíbrio e a cooperação entre os poderes, corre-se o risco de que essas tensões evoluam para crises ainda mais profundas, comprometendo a própria viabilidade do sistema democrático que, apesar de suas falhas, tem sido uma conquista arduamente alcançada.

    Publicado em VEJA de 6 de setembro de 2024, edição nº 2909

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Veja e Vote.

    A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

    OFERTA
    VEJA E VOTE

    Digital Veja e Vote
    Digital Veja e Vote

    Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

    2 meses por 8,00
    (equivalente a 4,00/mês)

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

    a partir de 49,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.