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Murillo de Aragão

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A escalada continua

O cenário vai permanecer ruim mesmo sem novas sanções

Por Murillo de Aragão 22 ago 2025, 06h00

Os fatos da semana que se encerra indicam, sem a menor dúvida, que a crise entre os Estados Unidos e o Brasil não terminará tão cedo e, mesmo quando arrefecer, deixará sequelas graves — tanto para o Brasil quanto para o relacionamento entre as duas nações.

Contribui para a manutenção da crise o desejo explícito dos atores envolvidos em manter a fogueira acesa por meio de declarações e atitudes calculadas. Outros fatores são igualmente decisivos: a sobreposição de considerações ideológicas aos cálculos pragmáticos na condução das relações exteriores e a incapacidade de se preparar adequadamente para o agravamento da crise do multilateralismo e da guerra tarifária.

Essa postura, marcada pela certa passividade e pelos arroubos doutrinários, se reflete também na demora em construir uma narrativa negocial consistente com os Estados Unidos. Nesse vácuo de ação governamental, o setor privado já se movimenta politicamente para tentar defender suas posições em Washington.

O governo ainda não lança mão de instrumentos consagrados que vários países utilizam para influenciar o debate político nos EUA, como o uso estratégico de empresas de advocacy, escritórios de relações governamentais e think tanks especializados em comércio e política externa, todos com amplo acesso aos centros de decisão em Washington.

No plano interno, a Faria Lima e suas estruturas de compliance se veem entre a cruz e a caldeirinha quando ministros do STF, como Flávio Dino e Alexandre de Moraes, afirmam que os bancos não poderão banir contas bancárias de sancionados. As declarações, embora apresentadas em nome da preservação de garantias individuais, têm endereço certo: estimular os bancos a defender sua autonomia institucional diante de pressões externas.

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“A instabilidade aumenta a percepção internacional de que o Brasil atravessa um período de fragilidade institucional”

A guerra de narrativas gera insegurança regulatória num momento em que as sanções financeiras são justamente o principal instrumento de coerção internacional utilizado pelos EUA. A instabilidade aumenta a percepção internacional de que o Brasil atravessa um período prolongado de fragilidade institucional, o que afeta diretamente o humor dos investidores.

Politicamente, a divulgação das transcrições de diálogos entre Jair Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro, somada a novos indiciamentos, jogou gasolina na fogueira que já arde em alta intensidade. São temas que sinalizam que os processos em tramitação no STF continuarão a se desdobrar e a gerar repercussões políticas graves.

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As investigações do STF contra o pastor Silas Malafaia acrescentam um elemento delicado. A repercussão externa pode sugerir um paralelo incômodo com episódios de perseguição a religiosos em períodos autoritários no Brasil e, mais recentemente, na Nicarágua. Essa comparação é, em si, corrosiva para a imagem do país, sobretudo em um Congresso americano historicamente sensível a qualquer narrativa de perseguição religiosa.

Portanto, não estamos livres de um agravamento ainda maior da crise. Pois o padrão decisório do governo americano parece hoje guiado por uma questão insolúvel — a absolvição de Jair Bolsonaro — e por aspectos geopolíticos, tais como moeda única, relações com Israel e fortalecimento do Brics, que continuam em aberto.

Publicado em VEJA de 22 de agosto de 2025, edição nº 2958

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