Fortaleça o jornalismo: Assine a partir de R$5,99

Murillo de Aragão

Por Murillo de Aragão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Continua após publicidade

Combatendo as ‘fake news’

O Congresso Nacional precisa se posicionar sobre as redes sociais

Por Murillo de Aragão Atualizado em 4 jun 2024, 11h10 - Publicado em 26 mar 2023, 08h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Em 2018, antes das eleições gerais, o Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional propôs um debate aprofundado sobre as fake news no país. Como presidente do organismo, solicitei à assessoria legislativa do Senado Federal uma minuta de projeto de lei sobre o tema. Após debate no conselho, a proposta seria encaminhada ao presidente do Congresso, o então senador Eunício Oliveira, para ser transformada em projeto de lei.

    A proposta era simples e, basicamente, visava a alterar dois artigos do Código Penal e um artigo do Marco Civil da Internet. Estabelecia penas para a divulgação de notícia falsa que pudesse corromper o processo eleitoral, bem como pudesse afetar a segurança pública, a saúde, a economia nacional ou outro interesse público relevante. No tocante ao Marco Civil, definia notícia falsa e responsabilizava o provedor de internet que não retirasse o conteúdo considerado falso a partir de ordem judicial específica.

    Naquela época, o debate era nascente, mas o fenômeno já despertava preocupação. No entanto, e paradoxalmente, a imprensa reagiu mal ao texto que, na verdade, era apenas um anteprojeto a ser debatido. A imprensa, como se sabe, pode ser punida por publicar notícias falsas. Já as redes sociais, não. É inacreditável que a mídia não tenha percebido e se posicionado contra o tratamento desigual a que a lei submete seus jornalistas, não punindo adequadamente quem produz e divulga fake news.

    “A cidadania depende mais da boa vontade das plataformas do que do peso da lei”

    O anteprojeto de lei do Conselho de Comunicação Social não foi adiante. O debate foi embargado pela covardia de uns e a miopia de outros. Os danos que as fake news causaram ao processo eleitoral de 2018 são amplamente conhecidos. Caso o anteprojeto tivesse sido aprovado, o caos provocado pelas falsas notícias poderia ter sido menor. Apenas o debate engajado no Congresso permitiria ter coibido práticas disseminadas naquelas eleições.

    Continua após a publicidade

    Estamos em 2023, o debate continua rolando. E, de lá para cá, a imprensa perdeu receita e as plataformas se agigantaram, mas não respondem claramente às suas responsabilidades. A cidadania depende mais da boa vontade das plataformas do que do peso da lei. Por outro lado, na falta de uma disciplina legal abrangente, o Judiciário termina por assumir um protagonismo que deveria ser balizado por uma lei específica.

    Recentemente, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, declarou que pretende aprovar um texto sobre o tema. Não é sem tempo. A iniciativa vem tarde, mas pode corrigir uma grave falha, criando uma lei que puna quem produz fake news e, sobretudo, faça com que aqueles que mantêm o conteúdo na internet, mesmo contra ordem judicial específica, assumam a responsabilidade legal por seus atos.

    Vale destacar que a emergência das redes sociais é um fenômeno positivo. Serve, entre outras coisas, como canal de expressão de opiniões para muitos. Mas, sem existir um marco legal claro, abusos ocorrem. Em especial quando se usa o anonimato para difundir factoides, fake news e discursos de ódio. O texto ora em discussão na Câmara dos Deputados, cujo relator é o deputado Orlando Silva, foi aprovado no Senado em 2020. Já não é sem tempo que o debate deva ser concluído no Legislativo.

    Publicado em VEJA de 29 de março de 2023, edição nº 2834

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.