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O Brasil e o mundo pós-pandemia

A deterioração dos órgãos internacionais precisa ser contida

Por Murillo de Aragão Atualizado em 4 jun 2024, 14h02 - Publicado em 3 jul 2020, 06h00
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  • Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS: confirmação de novo ataque a um hospital na Faixa de Gaza neste domingo
    Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS: confirmação de novo ataque a um hospital na Faixa de Gaza neste domingo (Denis Balibouse/Reuters)

    Apontei em meu e-book Ano Zero que a ordem global, tal como a conhecemos desde o fim da II Guerra Mundial, estava em crise antes mesmo da Covid-19. A pandemia no Brasil apenas agravou as tendências existentes e nos impôs novos desafios. Pelo menos três fatos associados à governança global durante a pandemia evidenciam a necessidade de um novo padrão, que seja eficaz, de relações entre as comunidades.

    O primeiro é a dificuldade de a Organização Mundial da Saúde se posicionar com clareza. A OMS foi lenta e ainda é confusa em suas recomendações. Os Estados Unidos atribuem o problema a um predomínio chinês na entidade. A OMS vive uma crise de credibilidade.

    O segundo fato reside na omissão da Organização das Nações Unidas durante a pandemia. A ponto de muitos questionarem a própria utilidade da organização, deixando patente a urgência de ela se reinventar. Não houve, até agora, por exemplo, nenhuma reunião do seu Conselho de Segurança para tratar do tema.

    O terceiro fato é constatado na demora (e na insuficiência) de as instituições financeiras internacionais, como o FMI e o Banco Mundial, se mobilizarem para produzir um pacote de iniciativas que possam mitigar os trágicos efeitos econômicos da doença no mundo.

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    “O Brasil deve observar os acontecimentos e avaliar que prioridade dará ao resgate da governança global”

    OMS, ONU, instituições financeiras: os principais pontos de apoio da governança global — haveria outros exemplos — dão flagrantes demonstrações de ineficácia. Diante de uma crise sanitária de escala planetária, nenhum desses órgãos foi capaz de articular uma ação conjunta em nível planetário. A crise profunda em que se encontram os organismos internacionais lembra o naufrágio da Liga das Nações, criada com as melhores intenções no pós-I Guerra Mundial. A orga­nização morreu pelo desinteresse dos EUA, pela agressiva política de Adolf Hitler e por uma estrutura decisória paralisante. Não esteve à altu­ra do imperativo de mediar as tensões dos anos 1930 e seu fracasso deu lugar à II Guerra Mundial.

    O modelo criado no pós-II Guerra experimentou amplo sucesso nos últimos 75 anos. Tendo a ONU como centro, impediu novas grandes guerras, conteve a proliferação nuclear e liderou ações humanitárias. Mas perdeu a dinâmica. Alguns choques internacionais produzem um sentimento de abandono e isolamento. Em 2020, quando essa ordem dava sinais de esgarçamento, veio a pandemia e, por falta de lideranças, nossa reação ao novo coronavírus só fez acentuar essa deterioração.

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    O Brasil deve observar os acontecimentos e avaliar que prioridade dará ao resgate e ao aprimoramento das estruturas de governança global. Deve ponderar a relevância que lhe convém atribuir ao fortalecimento dos mecanismos de ação multilateral num mundo marcado por problemas que não respeitam fronteiras e pela disputa hegemônica entre Estados Unidos e China. Deve refletir, ainda, à luz de interesses concretos, acerca de seu relacionamento com essas potências. Como nação, devemos olhar o passado, entender o presente e, com sentido de realidade, dar nossa contribuição para a construção de um futuro com maior segurança. Em todos os sentidos.

    Publicado em VEJA de 8 de julho de 2020, edição nº 2694

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