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Murillo de Aragão

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Trem-fantasma mambembe

A corrida eleitoral teve sustos e sobressaltos a cada curva

Por Murillo de Aragão Atualizado em 4 jun 2024, 11h27 - Publicado em 30 out 2022, 08h00
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  • (COMBO) This combination of pictures created on October 11, 2022, shows Brazil's President Luiz Inacio Lula da Silva (L) celebrating shortly after receiving the presidential sash from outgoing President Fernando Henrique Cardoso (out of frame), during the inauguration ceremony held at the Planalto Palace in Brasilia on January 1, 2003 and Brazil's president Jair Bolsonaro gesturing after receiving the presidential sash from outgoing Brazilian president Michel Temer (out of frame), at Planalto Palace in Brasilia on January 1, 2019. - Brazil's new right-leaning Congress risks making life difficult for leftist Luiz Inacio Lula da Silva should he win a third presidential term in elections this month, analysts say. Bolsonaro, 67, exceeded polling predictions by coming a closer-than-expected second to Lula, 76, in a first election round on October 2. The two men will face off in a deeply polarized second round on October 30. (Photo by ORLANDO KISSNER and EVARISTO SA / AFP)
    Lula e Jair Bolsonaro em suas posses presidenciais, em 2003 e 2019, respectivamente - (Orlando Kissner/Evaristo Sa/AFP)

    Escrevo esta coluna sem saber quem vai ganhar as eleições e se teremos ou não alguma confusão após os resultados das urnas. Mas tenho a certeza de que as eleições brasileiras terminam com todos os ingredientes de um novelão mexicano. Inclusive com o indefectível cállate. Afinal, até mesmo veículos de comunicação terminaram sendo censurados. Antes mesmo do primeiro turno, temas candentes e novelescos ocuparam a agenda dos debates. Menos o que realmente importava para os destinos do país. Não houve, a rigor, nenhum debate sério e aprofundado sobre propostas. Nesse sentido, alguns debates entre candidatos a governador foram muito mais densos e relevantes do que os debates presidenciais. O cardápio de temas extravagantes foi extenso: golpe de Estado, fake news, fiasco da terceira via, traições de intensidade variada, invasão do STF, ameaças de mortes, xingamentos a autoridades, agressões e assassinatos de militantes políticos, questionamento sobre as urnas eletrônicas, candidatos que foram sem nunca terem sido, previas que não valeram e quantidades industriais de besteiras ditas pelos candidatos.

    “Na campanha, como em uma novela mexicana, o que importou foi a emoção, e não a razão”

    O enredo prosseguia com ameaças de regular a mídia, revogar o irrevogável, menções a padres nicaraguenses e a jovens venezuelanas, acusações de canibalismo e “venezuelização” do Brasil. Fatos e factoides misturados em um caldo insosso de propostas e farto em bizarrices. Como em uma novela mexicana o que importou foi a emoção, e não a razão. O enredo foi ditado pela necessidade de estarrecer por meio da construção de narrativas emotivas. Que, ao cabo, pareciam querer desviar o “eleitor-­expectador” da realidade para um metaverso de intrigas. O objetivo: a destruição da narrativa do outro. Para completar o roteiro, tivemos personagens pitorescos que compunham a festa estranha com gente esquisita. Como em uma novela, houve flashbacks com declarações de antes quando aliados eram adversários. E de agora, quando adversários de outrora viraram aliados. Na reta final, três episódios pontuaram a novela : a censura à Jovem Pan, o tiroteio de Roberto Jefferson e o chamado “radiolão”, com a não veiculação de propaganda de Bolsonaro.

    Infelizmente, a corrida eleitoral deste ano foi um trem-fantasma de parque mambembe. Sustos e sobressaltos a cada curva. Espremendo o que foi dito ao longo da campanha, temos uma laranjada rala. Nenhum candidato disse a que veio. Mas tampouco os eleitores pareciam estar interessados. A escolha foi determinada pela rejeição. Simples assim. Alguém poderia dizer que o Brasil não merece o que está acontecendo. É verdade. Por outro lado, os brasileiros, infelizmente, merecem. Já que tudo o que ocorreu no processo eleitoral teve a participação ou a omissão de muitos. Os ânimos foram desnecessariamente exaltados. Regras foram subvertidas. Princípios foram abandonados. As informações foram distorcidas. Os desafios de uma nação em construção foram deixados de lado. Sobrará o que de um processo eleitoral novelesco? A novela acaba e os desafios do dia a dia vão se impor a um mundo político polarizado. Encerra- se o espetáculo e voltaremos à realidade que, no fim das contas, foi pobremente foi debatida nas eleições.

    Publicado em VEJA de 2 de novembro de 2022, edição nº 2813

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