A China já sinalizou que vai aumentar as compras de farelo de soja do Brasil. Pode parecer uma excelente notícia, mas ela pode causar um desequilíbrio na cadeia produtiva. É o que alerta a Frente Parlamentar Mista do Biodiesel (FPBio), organização suprapartidária do Congresso Nacional.
Para produzir mais farelo e atender a essa demanda extra chinesa, será preciso o esmagamento de maior volume de grãos. Esse processo resulta na produção de óleo de soja, além do farelo. Assim, haverá uma superoferta de óleo sem uma destinação econômica definida. Se isso ocorrer, a tendência é o preço do óleo despencar e, assim, os esmagadores perderão margem de lucro, paralisando atividades, pondo em risco o fornecimento de farelo para os produtores de proteína animal.
A solução, segundo a FPBio, é o País autorizar, e logo, o aumento do teor de 10% da mistura de biodiesel ao diesel fóssil para estimular uma maior produção desse biocombustível. Ele é produzido com cerca de 75% do óleo de soja e os produtores precisam planejar todo o processo produtivo com antecedência. “Assim, ao se aumentar esse teor, até 15%, por exemplo, o biodiesel vai suprir esta demanda extra e gerar uma combinação perfeita, com mais demanda por farelo e também por óleo de soja”, diz João Henrique Hummel, diretor executivo da FPBio.
O atual governo de Jair Bolsonaro, no entanto, empurrou a questão para o governo de transição de Lula. Os parlamentares federais resolveram não esperar. Como uma maior mistura de biodiesel é, também, positiva para a descarbonização da economia – um dos temas centrais da COP27 –, a reação da FPBio foi a de aproveitar a ampla exposição do tema na conferência das Nações Unidas e organizar um movimento político na Câmara dos Deputados, em 22/11, para pautar o assunto em âmbito nacional e influenciar uma manifestação rápida do Executivo. “Esta decisão agora, em meio à COP27 (conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas), seria uma ação política de excelente repercussão”, afirma Hummel.