Dê no que der o encontro que mal começou em Singapura entre Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, e Kim Jong-un, o ditador da Coreia do Norte, quem mais sairá ganhando é o “pequeno homem-foguete”, assim tratado até recentemente pelo governo americano.
Kim já obteve o que mais desejava e o que seu pai, que o antecedeu no cargo, buscou e não conseguiu — o reconhecimento de seu regime pela maior potência mundial, a retirada da Coreia do Norte do isolamento, sua admissão no time dos países que de fato importam.
Isso teria sido impossível se a Coreia do Norte não tivesse desenvolvido seu programa nuclear, tornando-se uma ameaça à segurança dos países asiáticos e aos interesses da Europa e dos Estados Unidos. E se Kim fosse menos esperto e hábil do que parecia até então.
O encontro com o ditador de um dos países que mais desrespeitam os direitos humanos no mundo servirá mais a Trump do que aos Estados Unidos. Trump enfrenta a má vontade da maioria de seus governados. É um presidente investigado. Quer se reeleger mesmo assim.
Mais uma contradição da política de Trump ficará exposta depois do encontro com Kim Jong-Un. Trump exige que Cuba se redemocratize como condição essencial para a normalização de suas relações com os Estados Unidos. Não exigirá o mesmo da Coreia do Norte.