“Repito por pura alegria de viver: a salvação é pelo risco, sem o qual a vida não vale a pena!” Esta frase da escritora Clarice Lispector nos inspira a refletir sobre o mundo das finanças.
Neste artigo, quero compartilhar com você, leitor da VEJA e de VEJA NEGÓCIOS, como o entendimento da dinâmica das finanças pode nos proporcionar um olhar mais crítico e positivo sobre tudo que acontece ao nosso redor.
Mas, afinal, o que são finanças? Seria uma arte ou uma ciência que estuda o comportamento dos mercados de capitais? O cálculo da volatilidade? Os modelos estatísticos que preveem a perda esperada dos investidores? Talvez a estrutura e o custo de capital das empresas? Ou seria o comportamento dos indivíduos diante de decisões de alocação de capital? Ou ainda o orçamento doméstico das famílias, que muitas vezes as obriga a ter um senso aguçado de escolhas para que o dinheiro dure até a próxima entrada de caixa?
Podemos afirmar que todas essas facetas compõem o conceito de finanças em tempos atuais: Finanças de Mercado, Finanças Corporativas, Finanças Públicas, Finanças Comportamentais e Finanças Pessoais. Qualquer análise sobre finanças busca otimizar decisões de investimento, crédito, ou ainda escolher entre desejos e necessidades.
Uma excelente recomendação de leitura é o livro Finanças para uma Boa Sociedade, de Robert Shiller, publicado no Brasil pela editora Campus. Shiller argumenta que, embora sejam frequentemente criticadas por seu papel em crises econômicas e desigualdades, as finanças são essenciais para alcançar uma sociedade melhor e mais justa. Ele defende que as finanças, se bem utilizadas, podem ser uma ferramenta poderosa para resolver problemas sociais e promover inovação e eficiência.
Robert Shiller, um economista americano renomado e professor emérito na Universidade Yale, é especialmente conhecido por seu trabalho em economia comportamental e suas pesquisas sobre a volatilidade nos mercados financeiros. Em 2013, ele foi laureado com o Prêmio Nobel de Economia, juntamente com Eugene Fama e Lars Peter Hansen, por seus estudos sobre preços de ativos que exploram como crenças e comportamentos humanos influenciam os mercados.
A leitura do livro é um primeiro passo para percebermos que as finanças podem e devem contribuir para uma sociedade melhor. Orçamentos bem planejados otimizam decisões de políticas públicas ou empresariais.
Desde o Acordo de Bretton Woods, em 1944, e principalmente após o fim da Guerra Fria e o avanço da tecnologia da informação e da internet, a globalização financeira ganhou notoriedade em termos de geração de informações. Ela criou uma demanda para que os veículos de comunicação dialoguem com o público, expliquem, desmistifiquem, informem e contribuam para que as pessoas possam construir um letramento financeiro adequado.
Nas últimas décadas, passamos por diversas crises que tiveram consequências negativas para os mercados financeiros em escala global: México em 1994, Ásia em 1997, Rússia e Ucrânia em 1998, Brasil em 1999, Turquia em 2000, Argentina em 2001, Estados Unidos em 2008 e Europa em 2009.
Como a crise da covid impactou os mercados financeiros globais? Qual o custo dessas crises para os países? Como as sociedades reagiram? Os reguladores aprimoraram medidas preventivas? Qual o custo para os correntistas de instituições financeiras?
Entender esses processos pode ser muito enriquecedor, mostrando como as inovações podem transformar positivamente o cotidiano das famílias e nos permite refletir sobre nossas decisões pessoais, seja como consumidores, seja como contribuintes.
Iremos conversar sobre fintechs, sandbox regulatório, open finance, finanças verdes, tokenização e muito mais.
E vamos caminhar com a inspiração de Clarice Lispector: os mercados financeiros nos ajudam a conviver com o risco!
No próximo artigo vou compartilhar com você como anda o investidor brasileiro.
Até lá.