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O Som e a Fúria

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60 anos da Jovem Guarda: a invasão da guitarra elétrica na música nacional

Movimento ficou marcado por abraçar influências estrangeiras e incomodar estrelas da Bossa Nova

Por Amanda Capuano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 22 ago 2025, 12h54 - Publicado em 22 ago 2025, 07h45

No dia 17 de julho de 1967, um grupo de artistas liderado por Elis Regina se reuniu em São Paulo para um protesto que não era direcionado aos militares, que três anos antes tomaram o poder com um golpe, mas sim às guitarras elétricas da Jovem Guarda — que, segundo o movimento, estava contaminando a “pureza” da música brasileira com o som metálico americano. Batizado oficialmente há exatos 60 anos, com a estreia do programa televisivo Jovem Guarda, apresentado na Record por Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa, o movimento musical e cultural causou uma revolução na melodia e estética brasileira — e incomodou os puristas da época. 

Com influências do rock americano e inglês, que dominava o mundo com nomes como Beatles e Elvis Presley, os cantores da Jovem Guarda aderiram a uma melodia energizada e injetaram o som metálico das guitarras à música, contrariando a dominante Bossa Nova — voltada a instrumentos clássicos como o violão e o piano, e que traçou para si uma melodia contemplativa e original que levou a música brasileira para o mundo. Não era só no instrumental, no entanto, que a influência estrangeira aparecia: na estética, as calças justas, jeans e minissaias — essa última popularizada por Wanderléia, que virou ícone fashion — adornavam o corpo dos músicos e faziam a cabeça da juventude, que abraçava um visual de rebeldia.

Foto sem dataErasmo Carlos, Wanderley Carsoso, Eduardo Araujo, Martinha, WandÈrlea e Roberto Carlos, integrantes da Jovem Guarda, no inÌcio dos anos 60.
Foto sem data
Erasmo Carlos, Wanderley Carsoso, Eduardo Araujo, Martinha, WandÈrlea e Roberto Carlos, integrantes da Jovem Guarda, no inÌcio dos anos 60. (José Antonio/Editora Abril)

Se a estética era confrontadora, as letras diziam o contrário: em meio à ditadura militar, enquanto a música de protesto tentava escapar da censura e denunciar o regime violento que assumira o poder, a Jovem Guarda cantava sobre festas, carros, namoros e a alegria da juventude, o que deu à ela a pecha de gênero superficial e alienado. Elis Regina, ao retornar de uma turnê internacional, atestou que “Esse tal de iê-iê-iê”, como ela descreveu o som que emergia no Brasil, deformava a mente da juventude “com letras que não contém qualquer mensagem”. Em resposta às críticas, Erasmo Carlos afirmou que a Bossa Nova estava fadada ao fim se continuasse a ser “esnobe e afastada do povo”.

A guerra musical, no entanto, durou pouco: o programa só ficou no ar entre 1965 a 1968, mas seu impacto foi tão duradouro que abarcou até mesmo aqueles que torciam o nariz contra ela. Com a influência magnética e incontornável das guitarras elétricas, até mesmo Elis Regina, sua principal crítica, deu o braço a torcer e acabou por gravar músicas de Roberto e Erasmo. A geração também abriu as portas para um movimento que marcaria ainda mais a musica brasileira: a tropicália de Caetano Veloso e Gilberto Gil — o último, inclusive, chegou a participar da marcha contra a guitarra elétrica, mas confessou mais tarde que foi contrariado, apenas para apoiar Elis. Com as guitarras consolidadas, os tropicalistas viram nos sons metálicos uma forma de afrontar o sistema vigente, e adicionaram a elas melodias complexas e letras politizadas, que criticavam o regime. Foi a união de dois mundos que até então pareciam água e óleo. 

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Passados 60 anos, a Jovem Guarda é vista hoje como um movimento que rompeu com padrões na música, na estética e no estilo — além de abrir caminho para que bandas de rock e de pop pipocassem cada vez mais na música brasileira, influenciadas não apenas pelo estrangeiros que fizeram os olhos dos ídolos do movimento brilharem, mas também neles próprios, que ousaram inovar ao fazer uma música brasileira voltada, essencialmente, para a juventude. 

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