Quando o rapper Kanye West ganhou o Grammy pela primeira vez, em 2005, pelo álbum College Dropout, ele fez troça em seu discurso sobre uma dúvida que, já naquela época, pairava no ar: será que ele faria algo muito louco se não ganhasse? Diante de uma embasbacada plateia, já vitorioso e em cima do palco, West disse: “Todo mundo queria saber o que eu faria se não ganhasse… Acho que nunca saberemos”, disse, antes de erguer o Gramofone.
De lá para cá, a personalidade errática do rapper, uma pessoa orgulhosa e ególatra, só piorou, acumulando polêmicas atrás de polêmicas. E o Grammy, definitivamente, não quer pagar para ver o que West faria. Tanto é que recentemente anunciou que ele não fará show durante a cerimônia de premiação, justamente por causa de seu comportamento imprevisível – mesmo abrindo mão da audiência que um show dele certamente traria. Mas há um porém capcioso: indicado a cinco Gramofones, incluindo o de Álbum do Ano pelo seu novo trabalho, Donda, West poderá, sim, falar no evento se ganhar – além de desfilar no tapete vermelho. Segundo uma reportagem da revista Variety, o Grammy poderia simplesmente não transmitir a passagem de West pelo tapete vermelho (mas não impediria que ele desse entrevistas para os repórteres presentes). Se ele ganhasse, poderia desligar o microfone durante o discurso e chamar os comerciais. Duas atitudes absolutamente inéditas na premiação e com pouquíssimas chances de ocorrer.
Se essa já era uma preocupação para os organizadores, há outra ainda piorando o quadro. Por ter sido proibido de se apresentar, West estaria secretamente organizando um show para o mesmo horário, com o objetivo de desviar a atenção do Grammy – o que prejudicaria não só a premiação, como também os outros indicados. As últimas postagens de West nas redes sociais não deixam dúvida de que os organizadores do Grammy têm razão em temer o rapper. Ele insultou o apresentador do prêmio, Trevor Noah, em resposta aos comentários que ele fez sobre sua ex-esposa Kim Kardashian. De resto, o histórico de atrocidades do cantor é vasto e conhecido. Apoiou publicadamente Marilyn Manson, que foi acusado de abuso sexual, ameaçou o novo namorado de Kim, o humorista Pete Davidson – além de seu apoio ensurdecedor ao ex-presidente Donald Trump ainda estar bem vivo na memória americana. E, claro, há o precedente mais ruidosa de todos: em 2009, durante a premiação do VMA, da MTV, West surpreendeu o mundo ao interromper o discurso de Taylor Swift, tomando o microfone dela para dizer que o prêmio deveria ter sido entregue a Beyoncé. Durma-se com um convidado desses.