Acumuladora: a curiosa mania de Rita Lee de não jogar nada fora
Em sua nova autobiografia, Rita Lee disse acreditar no animismo, ou seja, que todos os objetos possuem alma
Em setembro de 2021, já em tratamento contra um câncer de pulmão, a cantora Rita Lee, que morreu no início deste mês, inaugurou uma inédita exposição sobre sua vida no Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo. A mostra impressionou o público por trazer inúmeros objetos, figurinos, fotografias e cartas, todos originais, guardados pela cantora durante toda a sua carreira. Em sua nova autobiografia, Rita Lee: Outra Biografia, lançada nesta segunda-feira, 22, a artista contou o motivo de ter guardado tantos objetos e revelou ser uma acumuladora.
“Algo que acredito desde pequena é animismo, ou seja, acredito que tudo tem alma: computadores, carros, panelas, robôs, quadros, bonecos, poltronas, camas, armários, sapatos, postes, máquinas de fazer café etc. etc.: tudo é feito de poeira de estrela”, escreveu Rita. A cantora contou ainda da dificuldade que sentiu quando precisou trocar seu velho iPhone por um novo modelo. “Me deixou sem dormir. Passei semanas conversando com ele [o iPhone velho], explicando que não ia jogá-lo fora nem dar a ninguém, que há funções no novo aparelho necessárias para eu me comunicar melhor com o mundo”, escreveu. “Sim, não jogo nada fora, pois acho que vou magoar as traquinas”, completou.
Se por um lado a explicação para guardar tudo parece meio descabida, por outro, foi graças a esse costume que Rita reuniu um impressionante acervo de materiais que mais tarde puderam ser reunidos para contar sua história na exposição do MIS.
A obra chegou às livrarias no dia de Santa Rita de Cássia e foi escrita pela cantora para relatar os bastidores do seu tratamento contra o câncer. O livro é curto, com apenas 192 páginas, com capítulos igualmente curtos que contam de maneira bastante espirituosa todos os passos que ela enfrentou desde então.
Ao todo, Rita Lee lançou nove livros: três biográficos, cinco infantis e uma coletânea de contos. De acordo com um levantamento da empresa BookInfo, a primeira biografia de Rita Lee, lançada em 2016, voltou à lista dos mais vendidos entre os dias 8 e 14 de maio. Na lista de mais vendidos da VEJA, ele lidera a aba de não ficção. Na outra ponta do “top 10”, a autora amarra o catálogo com favoRita, compilado de imagens, documentos e relatos seus lançados em edição de luxo comemorativa a seus 70 anos, completados na véspera de fim de ano de 2017. A coletânea Dropz não chegou ao top 20 de ficção, mas também teve aumento de vendas. O site Amazon, que domina o setor de livros no país, anunciou Uma Autobiografia como a segunda obra mais vendida da categoria “histórias reais” esta semana, atrás apenas de Rita Lee: Outra Biografia, que já estreou na primeira posição.