Descerebrado, ‘Mercenários 4’ exagera na testosterona e no humor de tiozão
Novo filme da franquia liderada por Sylvester Stallone se leva a sério demais com história fraca e roteiro pífio
A ideia parecia boa lá em 2010, quando Sylvester Stallone lançou o primeiro filme da franquia Os Mercenários. Que tal reunir um monte de astros meio decadentes de filmes de ação dos anos 1980 e 1990 para missões praticamente suicidas. No meio disso, é claro, transbordava testosterona misturada com deboches sobre a idade grupo, piadas de tiozão, uma saraivada de tiros, porradas e bombas e uma atriz bonitona para cumprir o clichêzão da “Smurfette” do grupo.
A fórmula funcionou da primeira vez, deu uma escorregada na segunda e desandou de vez na terceira. Sylvester Stallone, no entanto, não quer largar o osso e chega aos cinemas nesta quinta-feira, 21, Mercenários 4, com Jason Statham, Dolph Lundgren, Andy Garcia, 50 Cent e Megan Fox. Aos 77 anos – e em excelente forma -, Stallone investiu nos últimos anos em filmes com a temática batida do fortão que está prestes a se aposentar, mas precisa cumprir uma última missão. Foi assim em Creed, Rota de Fuga, Rambo 4: Até o Fim, O Samaritano e a série Tulsa King.
No enredo de Mercenários 4, Barney Ross (Stallone), que sofre com dores nas costas, aceita uma última missão bastante genérica, algo como recuperar uns detonadores nucleares roubados do exército da Líbia. Para formar a equipe, ele conta, mais uma vez, com Lee Christmans (Jason Statham) que vive as turras com a namorada Gina (Megan Fox), a nova integrante dos Mercenários e ex-agente toda certinha da CIA. Gunner Jensen (Dolph Lundgren) volta para a equipe, só que desta vez sóbrio e usando uma ridícula peruca loira para esconder a careca. Exímio atirador, ele erra alguns tiros porque está se adaptando aos novos óculos — uma de muitas piadas bocós sobre a faixa etária avançada do grupo.
Talvez o maior defeito de Os Mercenários 4 é que a franquia, que começou como uma paródia dos filmes de ação, passou a se levar a sério demais. O roteiro é completamente genérico e quase não serve como pretexto para as explosões e tiroteios que permeiam toda a projeção. Trata-se daquele filme para ver sem pensar em nada: sabe-se qual é a missão, quem são os mocinhos e quem são os inimigos. A única coisa que o espectador tem a fazer é recostar na poltrona e vivenciar quase duas horas de conteúdo em que falta inteligência e sobra testosterona.