Junior Lima desabafa a VEJA: ‘Tomei umas porradas fortes como cantor’
Ao lançar o primeiro álbum solo, ele completa a difícil transição após o fim da dupla com a irmã, Sandy — período em que cogitou parar de cantar
Após o fim da dupla com a irmã Sandy, em 2007, o cantor Junior Lima tomou uma decisão radical: proclamou que jamais queria cantar novamente. Tão logo os dois se separaram, ele fugiu dos microfones, preferindo tocar bateria no fundo do palco na banda Nove Mil Anjos, ou postar-se atrás das carrapetas como DJ em projetos de música eletrônica. Em 2019, no entanto, Junior topou se reunir com a irmã mais uma vez para a lucrativa turnê que marcou os 30 anos da dupla. Foi durante o show de encerramento da maratona, no Parque Olímpico do Rio de Janeiro, que Junior teve uma epifania: diante de 100 000 pessoas, ele percebeu que cantar no palco era o que o fazia mais feliz na vida. Só então tomou uma decisão óbvia que Sandy já havia seguido anos antes: a de investir na carreira individual.
Seu primeiro álbum na trilha solitária foi gestado na pandemia e só agora é lançado. Chama-se, simplesmente, Solo. “É a primeira vez que estou fazendo única e exclusivamente o som que eu gosto”, disse Junior, aos 40 anos, a VEJA. Sua voz afinadinha, porém anasalada e em leve tom de falsete, sempre foi alvo de petardos — muitas vezes cruéis. Eis a razão, vejam só, que o fez cogitar a mudança de ramo. “Tomei umas porradas fortes como cantor e comprei essa narrativa. Não queria nunca mais cantar. Havia outras formas de me expressar”, relata.
Desde a epifania que o levou a encarar novamente os microfones, ele alcançou também certa maturidade musical. Boa parte das 23 faixas do álbum solo (e duplo) são desabafos e respostas às críticas que sofreu. Em Sou, assinada em parceria com o pai, Xororó, ele canta que não precisa provar nada para ninguém. “Foi com meus passos que cheguei até aqui”, diz a letra. Já na faixa Foda-se, com versos de Dani Black, filho de Tetê Espíndola, Junior usa o palavrão para dizer que não liga para o que os outros pensam dele. As letras sinceronas se mesclam ao tipo de música de que ele sempre gostou, mas que nunca gravou, como o R&B e soul. “Mas eu sou um cantor pop”, esclarece.
As dores da transição pós-Sandy & Junior, fenômeno que vendeu 20 milhões de discos no país, tiveram seu impacto na saúde mental do artista. Os colegas Champignon e Peu Sousa, dois integrantes da banda Nove Mil Anjos, cometeram suicídio anos depois do fim do grupo. Com síndrome do pânico e princípio de depressão, Junior só viu as coisas voltarem aos trilhos em 2014, quando se casou com a designer Mônica Benini, com quem tem dois filhos.
Agora, Junior não quer repetir com Otto, de 6 anos, e Lara, de 2, o caminho que trilhou. O mais velho tem a idade que ele tinha quando começou a cantar. “Ele adora música, mas é uma brincadeira. Não quero forçar nada. Se ele quiser ser músico, tem de ser natural”, diz. O cantor sabe que o trabalho solo jamais atingirá a magnitude da dupla com a irmã, mas celebra cada conquista. Em 21 de setembro, ele voltará ao Rock in Rio, 23 anos depois do histórico show que fez com a irmã no festival para cerca de 200 000 pessoas. Desta vez, caminhando com as próprias pernas.
Publicado em VEJA de 7 de junho de 2024, edição nº 2896
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