Em 1989, Ricardo Teixeira assumiu o comando da CBF e trouxe Sebastião Lazaroni para assumir a seleção. E o novo capitão foi logo anunciando a modernização do futebol, que consistia no fim dos “jogos-espetáculo”, como ocorrera em 82 e 86. Agora, o que importava era a conquista de títulos. Criou o líbero, na época Mauro Galvão, e passou a usar termos, como “galgar parâmetros”, intenção sinergética” e “lastro físico”. O vocabulário logo ganhou o apelido de “lazaronês”, Kkkkk!
Mas essa tal modernização já havia sido proposta por Cláudio Coutinho, mais um que tentou engessar nossa criatividade e copiar o futebol europeu. E o pior é que para passar seriedade esses “acadêmicos” usam essas expressões chatíssimas. No caso de Coutinho, as mais famosas foram “overlapping”, “ponto futuro” e “polivalência”. Esse “polivalência” é o famoso “coringa”, o jogador que atua em várias posições. Na época, a imprensa fazia piada, divertia-se e criticava, mas, hoje, os jornalistas esportivos resolveram aderir, ou seja, assistir futebol está insuportável. Grande parte dos comentaristas fez esse curso da CBF ou outros por correspondência, que devem existir por aí. O “titês” tem sido mais eficaz que o coronavirus em sua contaminação, Kkkk!!!
Em todas as bancadas ouve-se “último terço do campo”. O campo virou igreja? Para Tite, Garrincha não seria um ponta endiabrado, mas um “extremo desequilibrante atuando pela beirinha”, Kkkk!!!! E não entendem porque o futebol virou essa chatice! O que é “sinapse”? E “sinapses no último terço”? E “treinabilidade”, “performar”? Mas o que mais tem me irritado é a intimidade que esses “especialistas das bancadas”, que nunca chutaram uma bola na vida, ficam querendo nos transmitir. É “ligação direta”, que no meu tempo era roubo de carro, “cara da bola”, “orelha da bola”, “bochecha da rede”, “quebrar a bola”….mas isso deve fazer parte da Modernização do Futebol Parte 3! Os comentaristas sonham ser técnicos e os técnicos sonham ser palestrantes de auto-ajuda.
Nesse meio, o futebol perdeu-se. Os torcedores assistem os jogos como uma partida de tênis. E por algum aplicativo. Os jogadores seguem a cartilha dos treinadores e até jogadores que eu gostava, como Richarlison e Phillippe Coutinho, não rendem mais. Culpa deles ou da modernização? Aí, sai a nova convocação de Tite, com Daniel Alves, Danilo & Cia e a imprensa não abre o bico, acha que está de bom tamanho, que Tite está “performando” bem.
Modernizar o futebol, só não vê quem não quer, é devolver ao menino da base seu lado intuitivo, criativo, versátil, de improviso. Tite, nossos jogadores são naturalmente “desequilibrantes” e, me desculpe o mal jeito, mas se ainda não conhece o “cajuês” vou apresentar algumas de suas expressões: “Jogou aonde?”, “Vestiu a amarelinha quantas vezes?”, “Foi campeão do mundo jogando? Dá um tempo!” e por aí vai…