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Macron e o Segredo da Borboleta

Ainda não ganhou, mas já gostei.

Por Mario Mendes Atualizado em 30 jul 2020, 20h56 - Publicado em 24 abr 2017, 19h28

Ainda não ganhou, mas já gostei. Ao passar para o segundo turno das eleições presidenciais na França – no próximo dia 07 de maio – o candidato Emmanuel Macron tem tudo para fazer história. Se vencer, será o mais jovem presidente – 39 anos – a habitar o Palácio do Eliseu e também dará ao país outro ineditismo, uma primeira dama 25 anos mais velha que o marido.

Brigitte Trogneux – tinha que ser Brigitte! – 64 anos, 3 filhos e 6 netos, já é a mais reluzente estrela no cabo de guerra eleitoral entre seu marido e Marine Le Pen, a Bruxa Malvada do Oeste da extrema direita. Loira, pernas longas – elogiadas pelos jornalistas desde que ela surgiu na cena acompanhando o marido, então ministro da Economia – e ostentando um leve bronzeado mesmo durante o inverno, Brigitte vem construindo cuidadosamente a imagem de futura primeira dama da França.

Filha de família abastada e professora de letras, ela tem evitado tanto o clichê jolie madame burguês quanto o pedantismo intello – de “intelectual”. Segundo a revista Madame Figaro, seu principal desafio de imagem será não ter o passado de modelo da ex-primeira dama Carla Bruni e, portanto, uma persona midiática estabelecida, nem a descontração “salve, simpatia” da americana Michelle Obama. A publicação, que também informa ser ela nativa do signo de Libra, e Serpente no zodíaco chinês, ainda a aconselha a não exagerar na jovialidade para não cair na classificação banal “velha bonita”.

Em todo caso, um pool de analistas de moda emitiu um diagnóstico. Madame Macron fica melhor em vestidos estilo anos 60, com mangas cavadas, decote canoa e comprimento na altura do joelho. Cores básicas e neutras: preto, branco, bege, cinza, além de azuis e vermelhos. Foulards poderosos, bolsas de tradição reconhecida e joias peso pesado para ocasiões de total pompa e circunstância. Enquanto isso, a própria não esconde de ninguém uma queda pelas principais marcas do conglomerado de luxo LVMH, Louis Vuitton e Dior. Quanto aos venenosos de plantão, apenas comentaram que o bronzeado de Brigitte não orna com l’air du temps 2017.

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Aí você pergunta: Qual a importância disso? Importância capital, meus amigos. Estamos falando da França, onde moda e estilo são questões de estado desde Luis XIV – algo que nem a sanha populista da Revolução Francesa varreu para debaixo do tapete.

Porém, frivolidades a parte, o que mais provoca comentários no episódio Brigitte Trogneux é a diferença de 25 anos na idade do casal, sendo que ela o conheceu quando era casada com outro homem e ele apenas um estudante de 15 – que mesmo assim declarou que iria se casar com ela de qualquer maneira.

Como as tensas do empoderamento devem estar se ocupando em conjurar manifestos e teorias – contra, a favor e muito pelo contrário – a respeito do relacionamento entre mulheres mais velhas com homens mais jovens, lembrei de um best-seller que fez furor no início dos anos 80 intitulado O Segredo da Borboleta.

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Escrito por um certa Toni Tucci, americana dublê de atriz e socialite, o livro era um guia – ainda não existia o gênero Auto Ajuda – sobre os prazeres que as mulheres maduras podiam, e deveriam, experimentar se relacionando com rapazes bem mais jovens, sem pecado e sem juízo. A autora estava então com 60 anos e  contava como substituiu o divã do terapeuta, os tranquilizantes, a obsessão pelas dietas, o cigarro, o álcool, as noitadas e as drogas recreativas pelas ficadas, casos e namoros com garotões na flor da idade. Toni – ela esteve no Brasil para lançar o livro que foi um estrondoso sucesso – afirmava que o intercâmbio entre  gerações proporcionava a eles tirar o máximo proveito  da atenção, experiência e conhecimento de uma mulher com “milhagem”, enquanto elas mantinham o “fluído da vida” circulando pelo corpo graças ao companheirismo e, claro, muito sexo.

A borboleta do título, sem dúvida, era a mulher madura livrando-se do casulo de anos de frustração e sexualidade reprimida para, finalmente e gloriosamente, abrir as asas soltar as feras. Já era tempo de Toni Tucci – morta em 2010, aos 91 anos – e seu Segredo da Borboleta merecerem uma releitura.

Quem sabe, isso não rende uma temporada de folga para Marcela Temer?

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