A contrapartida da Marfrig para um investimento de até R$ 4,5 bi na BRF
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A companhia saudita de investimentos Salic e a Marfrig se comprometeram a injetar até 4,5 bilhões de reais na BRF por meio de um aumento de capital de até 500 milhões de ações, precificadas a, no máximo, 9 reais cada. Os papéis da dona da Sadia e da Perdigão disparavam 10% por volta das 13h30. Salic e Marfrig devem dividir igualmente o novo investimento. O movimento traz reações mistas aos analistas. De acordo com a equipe do Bradesco BBI, o aumento de capital afasta algumas preocupações dos investidores relacionadas à dívida da companhia e às possíveis restrições de exportações em razão da gripe aviária. “A Arábia Saudita tem sido o maior importador de frango da BRF nos últimos anos e, portanto, esse investimento pode reduzir as preocupações dos investidores de que casos recentes de gripe aviária no Brasil possam em algum momento resultar em restrições à exportação”, avaliam.
Já os analistas do banco Goldman Sachs preferem adotar mais cautela. Eles lembram que existe uma “pílula de veneno” no estatuto social da BRF que estabelece o pagamento de um prêmio de 40% ao valor médio das ações nos últimos 120 dias caso algum acionista esteja disposto a obter uma participação maior que 33,3% na companhia. A oferta da Marfrig tem como condição a retirada dessa cláusula. A participação da empresa na BRF pode subir para até 39% caso o negócio prospere. “Lembre-se que, no contexto do follow-on de 5,4 bilhões de reais, precificado em fevereiro de 2022, alguns acionistas se recusaram a dispensar a Marfrig”, aponta o Goldman.